Como a tecnologia vem promovendo a inclusão, acesso e digitalização em regiões remotas ou de difícil acesso no Brasil

Em algum momento de sua vida, já deve ter ouvido o seguinte ditado: “se a Montanha não vai a Maomé, Maomé vai até a montanha”. O real significado é que não se deve esperar pelos outros para que ações aconteçam. E nos últimos dois anos, restaurantes e varejistas, impactados pela Covid-19, foram até a “montanha” e se transformaram digitalmente com grande adesão ao delivery digitalizado.

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A adesão ao delivery foi praticamente unânime para diferentes classes sociais no país, porém como de praxe, comunidades localizadas em zonas periféricas do país, ficaram de fora. O Brasil é um país de contrastes onde não contabilizamos apenas as conhecidas dificuldades dos 5.568 municípios, precisamos considerar também o modelo sócio-econômico-ambiental desses lugares.

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Segundo o Data Favela em parceria com a CUFA e Instituto Locomotiva, o país tem hoje 13.151 favelas, com 5 milhões de domicílios e mais de 17,1 milhões de moradores, se somarmos a essa estatística regiões ribeirinhas ou com alguma restrição de entrega, chegaremos a mais de 60 milhões de pessoas.

Estamos falando de praticamente ¼ dos brasileiros que não conseguem receber seus produtos na porta de suas casas. Embora este assunto possa ser banalizado para muitos, falamos mais uma vez de acessibilidade e inclusão digital. Agora, repare a quantidade de soluções e tecnologias que chegam a todo momento para você que mora em um grande centro e quantas estão disponíveis para os consumidores das regiões citadas acima? Por que há um desequilíbrio ‘territorial’ mesmo em regiões já dotadas de tecnologia 3, 4, 5G?

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Apesar da realidade de menor renda, ao menos R$ 180,9 bilhões são movimentados anualmente nas favelas. Vontade também não falta: 76% dos moradores de favela que têm um negócio próprio, já tiveram ou querem ter, 50% deles se consideram empreendedores.

E é com estes dados que a gente vê que existe uma luz no fim do túnel, ou melhor, no topo da favela. Um exemplo é uma startup, criada por um jovem empreendedor que, com dificuldades em receber os produtos comprados em sites e marketplaces, criou o naPorta, para facilitar as entregas em comunidades e regiões periféricas. Já outro visionário, a Navegam, faz entregas verdadeiramente multimodais, incluindo barcos, em regiões ribeirinhas no Norte do Brasil.

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O que essas empresas têm em comum? Estão solucionando problemas complexos com novas tecnologias. Pensando fora da caixa, ou melhor, fora dos grandes centros. Um ambiente propício para as startups de logística e tecnologia que já estão levando acesso, digitalização e inclusão onde as gigantes do e-commerce ainda não chegam.

Ainda existe muito a se trilhar, neste mundo excluído. Mas as notícias são promissoras: espera-se que, com a chegada de uma tecnologia “aberta”, sem que estabelecimentos comerciais necessitem de um “atravessador”, um ecossistema logístico seja criado dentro das comunidades, tanto em favelas como nos ribeirinhas.

O surgimento de uma economia circular, aliada com a tecnologia não é uma utopia. É necessário um olhar digital dessas startups para o problema real, quebrando paradigmas e promovendo digitalização e inclusão em um movimento que encurta distâncias e possibilita o acesso para todos.

*Denis Lopardo é CEO e Founder da Bdoo

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