Cientistas do Museu de História Natural (NHM) de Londres descobriram uma impressionante megafauna no fundo do oceano Pacífico, composta por dezenas de criaturas estranhas, muitas das quais são espécies desconhecidas da ciência. Entre elas, chamam a atenção um certo pepino-do-mar que mais parece uma banana elástica meio descascada e uma linda esponja marinha em formato de tulipa.
Em 2018, com a ajuda de um veículo operado remotamente (ROV), os pesquisadores observaram 55 espécimes à espreita na borda oeste de uma fossa oceânica localizada entre o Havaí e o México, cerca de cinco mil metros abaixo da superfície do mar. Desses animais, sete foram confirmados como espécies recém-descobertas, e estão descritas em um artigo publicado na revista ZooKeys.
Embora o lado oriental dessa fossa oceânica seja explorado regularmente, sua porção ocidental, conhecida como Zona Clarion-Clipperton do Pacífico, que inclui várias montanhas subaquáticas, é menos acessível e, portanto, permaneceu em grande parte inexplorada, o que a torna um local propício para a descoberta de novas espécies.
“Cerca de 150 anos atrás, a expedição HMS Challenger explorou essa área, mas até onde eu sei, não houve muito estudo desde então”, disse Guadalupe Bribiesca-Contreras, bióloga da NHM e principal autora do estudo, em entrevista ao site LiveScience. “Essa parte do oceano mal foi tocada”.
Durante a expedição de 2018, os cientistas procuraram compensar o tempo perdido. Uma após a outra, cada nova criatura descoberta era tão fascinante quanto a que veio antes: de um pepino-do-mar elástico em forma de banana (Psychropotes longicauda) — o indivíduo que eles encontraram esticou quase 60 cm de comprimento — a uma esponja marinha no gênero Hyalonema, cujo corpo se assemelha a uma tulipa.
No entanto, das novas espécies potenciais, a que mais chamou a atenção de Guadalupe foi um tipo de coral no gênero Chrysogorgia. Seu pólipo laranja pálido se assemelhava à da espécie C. abludo, que geralmente é encontrada no Oceano Atlântico.
“No início, pensamos que era a mesma espécie, mas após mais trabalhos moleculares, vimos que é morfologicamente diferente”, disse a bióloga. “Uma coisa que sempre me impressiona é que muitas dessas formas de vida que vemos não mudaram muito ao longo de milhões de anos, o que é loucura”.
Ela explica que muitas das adaptações bizarras nessas criaturas persistiram por tanto tempo porque melhoram as chances dos animais sobreviverem em um ambiente tão hostil. “Onde eles vivem tão fundo no oceano pode ser um desafio”, disse Guadalupe. “Não há luz, seus corpos estão resistindo à pressão esmagadora e há pouca nutrição disponível”.
Antes desse estudo, muitos desses animais só foram vistos em fotografias e vídeos, ou são conhecidos por seus restos fossilizados. Os cientistas agora puderam analisar os espécimes enquanto se moviam livremente em seu habitat oceânico e, posteriormente, no laboratório.
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Tais investigações permitem que os pesquisadores entendam melhor os ecossistemas remotos e intocados do fundo do oceano — um objetivo importante à medida que a indústria de mineração em alto mar continua a se expandir em todo o mundo.
“Precisamos realmente entender esse ecossistema para que possamos chegar a planos de conservação”, disse Guadalupe. “Nesse ponto, as poucas informações que temos sobre esse ambiente e as espécies que vivem lá tornam muito difícil saber o quão prejudicial a mineração pode ser”.
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