A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (3) um projeto de lei (PL) que estabelece hipóteses de cobertura de exames ou tratamentos de saúde que não estão incluídos no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A proposta segue para análise do Senado e deve ser votada na próxima terça-feira (9). 

De acordo com informações da Agência Brasil e Agência Câmara, o objetivo é dar continuidade a tratamentos que poderiam ser excluídos da cobertura dos planos de saúde. Com o texto aprovado, as operadoras deverão autorizar os planos de saúde a cobrirem tratamento ou procedimento prescrito por médico ou dentista que não estejam no rol da ANS, desde que um dos seguintes critérios esteja presente: 

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  • existir comprovação da eficácia, à luz das ciências da saúde, baseada em evidências científicas e plano terapêutico; 
  •  existir recomendações pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS; 
  •  existir recomendação de, no mínimo, um órgão de avaliação de tecnologias em saúde que tenha renome internacional, desde que sejam aprovadas também para seus similares nacionais. 
plano de saúde
Imagem: Arquivo/Agência Brasil

Entenda as mudanças nas regras da ANS e suas discussões 

A aprovação do PL vem após algumas mudanças na ANS. Recentemente, o Tribunal Superior de Justiça (STJ) entendeu que o rol de procedimentos definidos pela agência é taxativo, ou seja, os usuários não têm direito a exames e tratamentos que estão fora da lista – antes, a cobertura era definida como exemplificativa, o que dava espaço para o consumidor recorrer à Justiça o direito de as operadoras pagarem por procedimentos ou tratamentos que não estavam descrito no rol.

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A lista de procedimentos e tratamentos obrigatórios da ANS foi criada em 1998 para estabelecer um mínimo de cobertura que não poderia ser negada pelos planos de saúde. O rol vem sendo atualizado desde então para que consiga abranger todos os avanços da tecnologia. 

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“Há poucos anos, num julgamento que também se referia à Saúde Suplementar, a nobre ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, afirmou: ‘saúde não é mercadoria; vida não é negócio; dignidade não é lucro’. Essa sábia e sensível julgadora evidenciou, em poucas palavras, que a proteção ao direito à saúde do consumidor deve se sobrepor a quaisquer interesses menos nobres”, defendeu o deputado e relator da PL, Hiran Gonçalves (PP-RR). 

Para o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), que criticou a PL, a mudança vai prejudicar a competição e aumentar os preços dos planos de saúde. 

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“Vai ficar muito mais caro e complexo ter plano de saúde, e os pequenos vão quebrar. Já as grandes farmacêuticas agora podem induzir médicos a receitar tratamentos experimentais sem aprovação pela Anvisa”, alertou. 

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