Vários assuntos passam pela indústria dos games, mas uma discussão continua chamando a atenção do público: a compra da Activision Blizzard por US$ 70 bilhões (cerca de R$ 360 milhões) pela Microsoft, anunciada no início deste ano.

O processo de aquisição ainda gera debates, desde as suposições sobre a finalização efetiva da compra até as hipóteses envolvendo monopólio ou uma possível exclusividade de títulos de sucesso na indústria. Nesse meio, está envolvido, inclusive, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), regulador do Brasil que vem comunicando as respostas que vem recebendo da Microsoft e sobre o potencial impacto da compra.

Imagem: Reprodução/Microsoft
Imagem: Reprodução/Microsoft

Além do regulador brasileiro, outros órgãos do mundo estão examinando a aquisição e buscam analisar todos os detalhes, garantindo que a compra não resulte em questões antitruste, que impactariam negativamente na concorrência e causariam uma subida nos preços, além de menos opções e inovações. Segundo o autor Christopher Dringl, do site GamesIndustry.biz, o acordo “tem o potencial de impactar a todos, desde o menor desenvolvedor independente até os grandes gigantes dos jogos“. Logo, não é
à toa que as análises sobre a aquisição levam tempo até a Microsoft obter as aprovações.

A aquisição, aliás. deve passar por duas fases nos conselhos reguladores. A primeira fase é relativamente curta, com apenas algumas informações sendo solicitadas, enquanto a segunda traz inspeções mais aprofundadas, em que são analisados os riscos para a concorrência no mercado. Vários órgãos reguladores pelo mundo estão examinando o acordo e alguns já estão no processo da segunda fase, como o regulador dos EUA, a Comissão Federal de Comércio (FTC). Por outro lado, os reguladores europeus ainda vão iniciar esse processo.

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Caso alguns dos órgãos reguladores sinalize algo que prejudique a concorrência, eles podem impor condições na aquisição para contornar o problema. Por exemplo, um dos “subtópicos” desse acordo entre a Microsoft e a Activision Blizzard é sobre o destino de “Call of Duty”, já que alguns analistas afirmam que o game tem o potencial de tornar uma empresa dominante na área, prejudicando a competição entre as empresas de videogame. Se um regulador seguir nessa linha, uma condição pode ser a permanência dos jogos da Activision Blizzard em outras plataformas, sem exclusividade nos consoles Xbox.

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E “CoD” tem sido realmente um alvo de preocupação da Sony, principal concorrente da Microsoft. O jogo é um dos títulos de sucesso do PlayStation e a empresa japonesa está receosa sobre uma possível exclusividade do game, algo que a Microsoft insiste que não acontecerá. Apesar disso, a abordagem em relação à compra da Bethesda foi distinta, já que alguns futuros jogos do estúdio serão exclusivos para Xbox, como “Starfield” e “Elder Scrolls 6”.

No entanto, mesmo que “CoD” não seja um exclusivo da Microsoft, é bem provável que o jogo vai trazer uma rentabilidade positiva aos negócios de assinatura e streaming do Xbox. Tendo o Xbox Game Pass e o Xbox Cloud Gaming, o console ainda teria algumas vantagens bastante valiosas sobre seus concorrentes. Nesse contexto, o CEO do PlayStation, Jim Ryan, já declarou que o modelo da Microsoft seria sufocante financeiramente para os jogos da Sony.

Assim, os reguladores ainda vem conversar com várias pessoas e instituições ao redor do mundo, incluindo analistas, desenvolvedores, editoras, empresas de dados e grandes conglomerados como a Apple e o Google. O objetivo não é prejudicar uma empresa ou outra, mas defender a concorrência no universo dos videogames. Como o processo é demorado, a Microsoft estima que a aquisição só deve ser oficialmente completada em 2023, até os reguladores chegarem na segunda fase de análise do acordo.

Informações via GamesIndustry

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