Cientistas não conseguem mais replicar fusão nuclear autossustentável; saiba o motivo

Por Isabela Valukas Gusmão, editado por Lucas Soares 17/08/2022 11h29
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Imagem: Aviso de radiação. O processo de fusão nuclear pode emitir radiação. Créditos: Alexandr/Pixabay
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Em agosto de 2021 os cientistas conseguiram uma verdadeira façanha: reproduzir uma fusão nuclear que se autoperpetua, em laboratório. Após décadas de pesquisa, foi possível a primeira ignição bem sucedida de uma reação de fusão nuclear. Porém, os pesquisadores não estão mais conseguindo reproduzir esse grande feito.

A fusão nuclear “autossustentável” é um processo que ocorre naturalmente na natureza. O Sol, por exemplo, gera energia a partir desse processo, quando dois átomos se combinam e geram um novo elemento mais pesado, nesse caso, dois átomos de hidrogênio fundidos originam o hélio.

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Entretanto, é muito difícil replicar essa reação aqui na Terra, pois há diversas variáveis implicadas nesse feito. Encontrar um ambiente com alta energia, capaz de sustentar esse processo é um enorme desafio. Isso sem contar que o próprio processo também libera uma quantidade imensa de energia. Além disso, em ambientes artificiais na Terra, o calor e a energia tendem a escapar através de mecanismos de resfriamento, em forma de radiação e condução de calor.

Uma das formas de garantir que o procedimento adotado pelo cientistas funcionou é quando eles alcançam um patamar denominado “ignição”, é ele quem assegura que toda a energia liberada seja consumida pela reação novamente. Geralmente, esse patamar é alcançado em ambientes extremamente intensos.

Pequenos detalhes impediram a fusão autossustentável

O físico de plasma Jeremy Chittenden, do Imperial College de Londres, acredita que, nas últimas quatro tentativas fracassadas de tentar reproduzir a reação, os pesquisadores erraram pontos extremamente difíceis de detectar, mas cruciais para que o sistema perdure. “Se você começar de um ponto de partida microscopicamente pior, isso se reflete em uma diferença muito maior no rendimento final de energia”, explica.

Nesse momento, a equipe quer determinar o que exatamente é necessário para alcançar a ignição e como tornar o experimento mais resistente a pequenos erros, como os que estão limitando a atuação da reação. Sem esse conhecimento, será impossível dimensionar projetos que visam a criação de reatores de fusão nuclear que possam alimentar as cidades, que é o objetivo final desse tipo de pesquisa.

Via: Science Alert

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.