Um material inteligente é um tipo de composto desenvolvido para responder a estímulos externos de maneira controlável e reversível através de mudanças em suas propriedades. Exemplos práticos incluem roupas que refrescam o usuário em resposta a um aumento de temperatura e medicamentos que liberam seus princípios ativos quando detectam patógenos no organismo. A mais recente novidade deste universo é um composto capaz de “lembrar” de estímulos passados.

O material inteligente em questão chama-se dióxido de vanádio (VO2) e é o primeiro a apresentar esse comportamento, segundo um artigo da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), localizada na Suíça. A descoberta pode trazer avanços significativos para as tecnologias de processamento e armazenamento de dados em dispositivos eletrônicos.

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Memória química em material inteligente

Os especialistas da EPFL conduziram um experimento que consistia em introduzir uma corrente elétrica no dióxido de vanádio. Esta corrente atravessava o composto de um lado ao outro em uma “trilha” precisa, esquentando o VO2 e fazendo com que ele rearranjasse sua estrutura atômica e assumisse outro estado. Já quando a corrente era removida, a estrutura atômica retornava ao seu estado inicial.

A reviravolta veio quando os cientistas aplicaram novamente a corrente elétrica: “O VO2 foi capaz de “lembrar” da primeira exposição elétrica e pôde antecipar a seguinte”, conta Elison Matioli, engenheiro elétrico envolvido no estudo. “Não esperávamos ver esse efeito de memorização, que está ligado à estrutura física do material.”

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O experimento revelou que tratava-se de um material inteligente capaz de armazenar informações sobre as correntes elétricas por um período de, no mínimo, três horas.

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Esse padrão de “memorização” remete ao funcionamento dos neurônios no cérebro, que servem tanto para armazenar memórias como para processar informações. As tecnologias que procuram simular esse mecanismo, conhecidas como neuromórficas, podem se beneficiar muito dessa descoberta, levando os chips clássicos à obsolescência.

Mohammad Samizadeh Nikoo, que também fez parte do estudo, afirma: “Peças feitas com este material inteligente podem superar o desempenho dos semicondutores convencionais, seja em termos de velocidade, tamanho ou consumo de energia.”

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