Um estudo inédito divulgado na revista Nature Medicine está analisando o comportamento de dispositivos implantados nos cérebros de duas pessoas obesas que sofrem de compulsão alimentar.

O dispositivo foi desenhado para detectar e romper sinais cerebrais associados ao desejo de se alimentar compulsivamente, sendo que, em seis meses de testes, os resultados obtidos foram animadores, possivelmente abrindo as portas para um futuro no qual os implantes podem vir a controlar uma série de comportamentos impulsivos.

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O estudo

Os dois pacientes analisados foram diagnosticados com compulsão alimentar e eram severamente obesos. Eles então foram submetidos a um procedimento cirúrgico para implantar um dispositivo estimulador cerebral com eletrodos, cujo alvo é o núcleo accumbens.

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Durante o período inicial de análise, os pesquisadores focaram em registrar a atividade de cada um dos cérebros, com o objetivo de encontrar uma assinatura distinta que pudesse estar associada especificamente ao comportamento de compulsão alimentar.

Um dos experimentos realizados em laboratório foi o de deixar para os pacientes fartas quantidades de comidas com altas calorias. Após o período inicial, os observadores trocaram os implantes, cada um programado com o gatilho neural para a compulsão alimentar de cada examinado.

Reprodução de dispositivo implantado em um cérebro humano (Imagem: Dana.S/Shutterstock)

O dispositivo tem um sistema de ciclo fechado, o que significa que ele foi desenhado para ligar e desligar seus estímulos elétricos independentemente de detectar atividades elétricas do cérebro ao qual ele está atrelado.

Os pesquisados foram então analisados por mais seis meses, nos quais os implantes funcionaram bem e não apresentaram efeitos adversos. Além disso, ambos os pacientes demonstraram quedas significativas na frequência de episódios de compulsão alimentar, além da redução na sensação de perda de controle.

Na média, cada examinado perdeu por volta de 5 quilos no período, sem quaisquer orientações para a realização de dietas.

O estudo, todavia, visa, inicialmente, analisar a segurança e a viabilidade, sendo muito cedo para dizer tanto se este tipo de estímulo cerebral funciona no controle da compulsão alimentar. Segundo os cientistas envolvidos no experimento, a segurança do dispositivo já pôde ser comprovada.

Um dos desafios encontrados pelos pesquisadores vem sendo o de encontrar padrões distintos de atividade cerebral que possam ser atribuídos apenas à perda de controle relacionada à compulsão alimentar, e não à alimentação regular ou ânsia.

Passados todos esses meses de análise, certos sinais foram identificados, mas mais testes deverão ser realizados para otimizar a especificidade dos sinais de compulsão alimentar em humanos.

Foto de destaque: Lightspring/Shutterstock

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