Cientistas contam com diversos instrumentos avançados para identificar a movimentação do magma no solo e identificar atividades vulcânicas, mas às vezes as vibrações são tão sutis que os equipamentos são incapazes de captá-las. É aí que entra em cena uma equipe de pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, que descobriu algo curioso: as camadas de gelo que cobrem os vulcões da Islândia podem amplificar sinais sísmicos indetectáveis e ajudar a prever erupções.

A descoberta, publicada na revista The Sismic Record, veio após o time de sismólogos estudar o vulcão mais ativo da Islândia, o Grímsvötn, que é inteiramente coberto pela maior geleira da Europa. Ele apresenta a tendência de entrar em erupção uma vez a cada dez anos, ameaçando o país com inundações e nuvens de cinzas. A fim de analisar sua atividade, os cientistas introduziram um cabo de fibra ótica de mais de 12 km de comprimento no solo ao redor do vulcão e mapearam em tempo real as vibrações captadas pelo material.

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Segundo Kristín Jónsdóttir, coautor do estudo, em menos de um mês, eles captaram mais de 2 mil terremotos – no mesmo período, a rede sísmica nacional da Islândia identificou apenas 18 tremores. Além disso, eles notaram que a camada de gelo localizada na depressão central do vulcão emitia uma estranha vibração ritmada.

Ressonâncias no gelo da Islândia

Os cientistas sugerem que essa vibração vem de pequenos tremores vulcânicos causados por alguma atividade geotérmica. As camadas de gelo em questão, como qualquer objeto sólido, vibram naturalmente em uma determinada frequência. Uma vez submetidas a outra vibração com a mesma frequência, as camadas de gelo a amplificam, possibilitando a detecção de tremores que passariam despercebidos.

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“A ressonância natural do gelo age como uma lupa”, explica Andreas Fichtner, também coautor do estudo. “Até onde sabemos, este fenômeno nunca havia sido observado até então.”

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Essas ressonâncias são cruciais para o acompanhamento da atividade geotérmica, de modo a “revelar o que o vulcão está fazendo”, afirma o sismólogo Corentin Caudron, da Universidade Livre de Bruxelas, que não participou do estudo. “Essa descoberta nos permitirá monitorar vulcões cobertos por geleiras tanto na Islândia, como no resto do mundo.”

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