Um estudo publicado na revista Nature aponta como foi a evolução dos mamíferos, após analisar fragmentos ósseos e dentes de um Pantolambda bathmodon. Esse mamífero extinto, pesava aproximadamente 42 quilos quando adulto, e viveu após 4 milhões de anos da extinção dos dinossauros.

De acordo com o pesquisador da Universidade de Edimburgo e autor principal do estudo, Gregory Funston, “os mamíferos não tinham ficado maiores que um texugo durante o Mesozóico [252 milhões a 66 milhões de anos atrás], então Pantolambda tinha duas ou três vezes mais do que esse tamanho”.

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Segundo as descobertas deste novo estudo, a evolução do P. bathmodon está relacionada principalmente com a gestação desse animal. O desenvolvimento uterino fez com que os filhotes desses animais se tornassem suficientemente grandes e desenvolvidos para nascerem prontos para andar.

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A pesquisadora de pós-doutorado em paleobiologia macroevolucionária no Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Clima de Senckenberg (SBiK-F), Gemma Louise Benevento, declarou ao Live Science que há evidências de que os P. bathmodon tinham gestações de meses, cerca de 62 milhões de anos atrás. Essa estratégia reprodutiva pode ter ajudado diversos mamíferos placentários a aumentarem seus tamanhos após a extinção de dinossauros.

Primeiro veio o crescimento muscular, depois o cerebral

Acredita-se que fisicamente, o P. bathmodon parecia uma junção de vários mamíferos que existem hoje. O autor do artigo estima que ele se pareça com um cachorro ou urso, já que tinha uma cauda longa e fina e pés que pareciam mãos humanas. Entretanto, o tamanho de sua cabeça não era proporcional ao tamanho do seu corpo volumoso, isso aponta para um crescimento cerebral posterior ao crescimento corporal. Outras pesquisas sugerem que esse padrão de desenvolvimento – músculo antes do cérebro- pode ser visto em outros mamíferos placentários que surgiram após o fim do período Cretáceo.

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Todos os fósseis de P. bathmodon analisados foram encontrados na bacia de San Juan, no Novo México. A coleta de amostras dos indivíduos, cujas idades variavam de cerca de 2 anos a 11 anos na época da morte, permitiu que a equipe estimasse a rapidez com que esses animais cresciam e quanto tempo viviam.

Análises dos dentes fossilizados do P. bathmodon

As análises dentárias, que permitiram descobrir o desenvolvimento de padrões gestacionais, alimentares, inclusive em relação à amamentação, só tinham sido realizadas em fósseis mais novos, de até 2,6 milhões de anos de idade. Pela primeira vez em um animal tão velho quanto P. bathmodon, teve essa verificação feita.

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À medida que os dentes se desenvolvem, o esmalte externo e a dentina subjacente se acumulam em camadas semelhantes às linhas de crescimento de uma árvore. A cada ano, o tecido duro que cobre a raiz do dente, ganha uma nova camada. A linha de nascimento dos dentes contém alta concentração de zinco, oriunda do colostro, primeiro leite produzido pelos mamíferos. Ele contém uma grande quantidade do mineral. Quando o leite materno propriamente dito começa a ser produzido, as camadas de tecido dentário começam a ser formar e passam a incorporar muito bário — um elemento encontrado nos dentes e nos ossos durante esse período de amamentação.

A análise dessas camadas indicou o tempo gestacional dos P. bathmodon. Estima-se que a gravidez das fêmeas durava pouco mais de sete meses e que seus bebês foram amamentados de um a dois meses. A taxa de crescimento desse animal, após o nascimento foi tão rápida que ele provavelmente atingiu a maturidade sexual já no primeiro ano de vida. Segundo o estudo, a maioria dos indivíduos morreu entre 2 e 5 anos de idade, embora animal mais velho da espécie tenha sobrevivido até os 11 anos.

A pesquisadora de pós-doutorado destaca o papel dos dentes para as descobertas. “Os dentes são abundantes no registro fóssil dos mamíferos e, portanto, a aplicação dessa técnica ao mesozoico e cenozoico [há 66 milhões de anos] fósseis de mamíferos abre novas e excitantes possibilidades”, disse.

Via: Live Science

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