Há meses enfrentando a pior seca de sua história – que afeta diversos setores do país -, a China vem buscando formas de lidar melhor com a situação – e sair dela. Para isso, os chineses, vêm apostando no uso da tecnologia como sua aliada.

A primeira das tentativas vem sendo testada em Zigui, condado da província de Hubei. Utilizando produtos químicos, os pesquisadores tentam, literalmente, fazer chover. O processo é conhecido como semeadura e, supostamente, causa a queda artificial das gotas de água acumuladas nas nuvens.

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Em outro ponto do país, mais especificamente na província de Sichuan, as autoridades locais lançaram drones, que estão espirrando chamas de iodeto de prata na atmosfera, em outra tentativa de obter chuva.

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A realização da semeadura, porém, pode não funcionar, conforme explica Adele Igel, líder do grupo de Física de Nuvens da Universidade da Califórnia. “Se semeamos uma nuvem e observamos o quanto de chuva ou neve obtemos, não temos como saber o quanto teríamos se a semeadura não tivesse sido feita”, diz.

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Na China, temperaturas chegam a bater 40 graus (Imagem: Sumit Thapar/Shutterstock)

A física pontua ainda que “a ideia dos iodetos de prata é a de que ela ajuda a formar novos cristais de gelo ou flocos de neve na nuvem”, citando estudo de 2019, pelo qual seus autores identificaram que certas técnicas de semeadura das nuvens poderiam aumentar a precipitação em 20% quando realizada no inverno e em áreas montanhosas.

Na teoria, os novos flocos de neve deveria crescer e cair mais facilmente. Contudo, ainda segundo Adele, não há consenso sobre a eficácia do processo no verão, quando há pouco ou nenhum gelo nas nuvens, sem contar que, naturalmente, precisa-se de nuvens no céu para tentar a semeadura.

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Para Igel, na situação de calor extremo pela qual a China está atravessando, na qual há menos água no solo para evaporar até a atmosfera, a semeadura será, no máximo “marginalmente efetiva” como medida de mitigação da seca.

Mais projetos no horizonte

O governo chinês trabalha ainda em projetos que também terão efeito a longo prazo, como o Projeto de Desvio de água do Sul para o Norte, considerado enorme esforço de engenharia para construir canais e túneis que irão transportar água do sul ao norte do território chinês. O custo estimado do projeto é de US$ 62 milhões. Também foi anunciado um túnel até Pequim, orçado em US$ 8,9 bilhões.

O possível empecilho dessa obra é o fato de a seca estar atingindo as áreas central e sul, justamente onde a água deveria estar mais abundante para abastecer o norte da China.

Foto destacada: Fly Of Swallow Studio/Shutterstock

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