Um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment na última quinta-feira (25) aponta que o calor extremo cada vez mais crescente pode ameaçar a habitabilidade em muitas regiões do planeta próximas à linha do equador.
Segundo a pesquisa, mesmo que possamos limitar o aquecimento global a 2°C acima dos níveis pré-industriais, novas estimativas sugerem que os trópicos e subtrópicos, incluindo a Índia, a península arábica e a África subsaariana, experimentarão temperaturas perigosamente altas na maioria dos dias dos anos até 2100.
Os cientistas também preveem que uma vez por ano, pelo menos, as latitudes médias da Terra experimentarão ondas de calor intensas. Para a cidade de Chicago, nos EUA, por exemplo, estima-se um aumento de 16 vezes nas ondas de calor perigosas até o fim do século.
Estimativas recentes sugerem que o aquecimento global já é responsável por uma em cada três mortes relacionadas ao calor em todo o mundo. Pesquisadores alertam que, a menos que as nações consigam trabalhar em conjunto para implementar medidas de adaptação rápidas e generalizadas, provavelmente haverá muitas outras.
As previsões são baseadas em uma métrica conhecida como Índice de Calor, que leva em conta apenas a umidade relativa até determinadas temperaturas. Esse é o parâmetro tradicional usado pelos pesquisadores para medir o estresse térmico, e estudos recentes descobriram que o corpo humano pode não ser capaz de lidar com tanto calor e umidade quanto este índice indica.
Nas condições de umidade atuais, o Índice de Calor considera 93°C como o limite máximo para se conseguir sobreviver. Com 100% de umidade, novas pesquisas sugerem que mesmo pessoas jovens e saudáveis podem não suportar além dos 31°C. No índice de calor tradicional, no entanto, as temperaturas são consideradas perigosas quando excedem 40°C e extremamente perigosas acima dos 51°C.
São esses limites que o estudo atual usou para prever a habitabilidade no futuro, e há uma boa chance de que eles sejam subestimados.
Entre 1979 e 1998, o perigoso limiar do Índice de Calor foi excedido nos trópicos e subtrópicos em 15% dos dias a cada ano. Durante esse tempo, era raro que as temperaturas se tornassem extremamente perigosas segundo o Índice de Calor.
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Conforme observa o site Science Alert, infelizmente, o mesmo não pode ser dito sobre os dias de hoje, e o problema só está piorando. Até 2050, em regiões tropicais, o nível de perigo do Índice de Calor pode ser ultrapassado em 50% dos dias a cada ano, chegando a passar da metade em 2100. Além disso, cerca de 25% desses dias podem vir a ser tão quentes, que chegarão a exceder os limites considerados extremamente perigosos.
“É provável que, sem reduções significativas de emissões, grandes parcelas dos trópicos e subtrópicos globais experimentem níveis de Índice de Calor superiores aos considerados ‘perigosos’ durante a maior parte do ano até o fim do século”, disseram os autores. “Sem medidas de adaptação, isso aumentaria muito a incidência de doenças relacionadas ao calor e reduziria a capacidade de trabalho ao ar livre em muitas regiões onde a agricultura de subsistência é importante”.
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