Nuvens de areia são encontradas na atmosfera de “estrela fracassada”

Por Isabela Valukas Gusmão, editado por Lucas Soares 05/09/2022 13h19
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Imagem: Ilustração de como é a estrela anã marrom. Créditos: Diego Barucco/Shutterstock
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Ao observar a atmosfera de uma estrela anã marrom, chamada VHS 1256-1257 b, localizada a cerca de 72 anos-luz de distância, o Telescópio Espacial James Webb (JWST) identificou que há nuvens de silicato pairando neste astro. De acordo com uma equipe internacional de astrônomos, essa é a primeira vez que tal detecção foi feita em um objeto de massa planetária fora do Sistema Solar.

A areia (silicato) é composta por diversos minerais formadores de rocha, e compreende até 90% da composição da crosta terrestre. Essa descoberta não só pode ajudar os pesquisadores a entender melhor as “estrelas fracassadas”, como a VHS 1256-1257 b, mas também apresenta uma fração do que o Telescópio James Webb é capaz de fazer.

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A VHS 1256-1257 b foi descrita pela primeira vez em 2015. Ela apresenta cerca de 19 vezes a massa de Júpiter e tem uma atmosfera em tons avermelhados. A partir da coloração dessa estrutura, os cientistas puderam determinar, através do espectro infravermelho, qual seria a composição atmosférica dessa estrela.

A composição atmosférica dessa anã marrom foi semelhante a encontrada em outras anãs marrons estudadas em comprimentos de onda infravermelhos. Segundo o artigo, outros materiais também foram detectados, como “água, metano, monóxido de carbono, dióxido de carbono, sódio e potássio”.

Um destaque da descoberta foram as longas nuvens de partículas de silicato, provavelmente composta por forsterite, enstatite ou quartzo, em uma camada grossa, com um tamanho de grão de submicrôn. A partir dessa descoberta, os cientistas poderão confirmar que as anãs marrons jovens apresentam nuvens de silicato irregular que influenciam na variabilidade no brilho.

De acordo com os pesquisadores, esse resultado fornece uma ferramenta para interpretar observações de anãs marrons no futuro.

O que são “estrelas fracassadas”

As “estrelas fracassadas” surgem quando uma estrela jovem não acumula massa suficiente para iniciar a fusão de hidrogênio em seu núcleo. Cabe destacar que elas apresentam em torno de 13,6 vezes a massa de Júpiter, ou seja, mesmo com “massa insuficiente” para se desenvolver de forma adequada, ela contém mais massa que o planeta mais massivo do Sistema Solar.

As anãs marrons podem fundir deutério, ou hidrogênio pesado – hidrogênio com um próton e um nêutron no núcleo, em vez de apenas um único próton. Neste caso, a pressão de fusão e a temperatura do deutério são mais baixas que as do hidrogênio, o que significa que as anãs marrons emitem seu próprio calor e luz.

Entretanto, é muito menos do que o das outras estrelas, mas é possível detectá-lo diretamente, especialmente nos comprimentos de onda infravermelhos, passíveis de captação pelo James Webb, como aconteceu com a VHS 1256-1257 b.

Via: Science Alert

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.