Engenheiros do Facebook não sabem onde os dados de usuários são armazenados

Em uma audiência de março deste ano, dois engenheiros da plataforma declararam que não sabiam ao certo sobre o destino dos dados de usuários, e disseram que para ter essa resposta seria necessário o trabalho de toda uma equipe da empresa.
Por William Schendes, editado por Adriano Camargo 08/09/2022 15h23
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Ao que tudo indica, nem mesmo os próprios engenheiros do Facebook sabem ao certo como a rede social trabalha com os dados dos usuários. Em uma audiência de março deste ano, dois engenheiros da plataforma declararam que não sabiam ao certo sobre o destino dos dados, e disseram que para ter essa informação seria necessário o trabalho de toda uma equipe da empresa.

As declarações fazem parte do processo de longa data que está em andamento desde 2018 após o escândalo do Facebook junto da Cambridge Analytica, que vazou dados de aproximadamente 87 milhões de usuários em todo o mundo, incluindo 443 mil brasileiros.

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Ao todo foram vazados aproximadamente 87 milhões de dados do Facebook para a Cambridge Analytica (Imagem: klevo/Shutterstock.com)

De acordo com matéria do The Intercept, a transcrição de documentos da audiência descrevem que o diretor de engenharia do Facebook, Eugene Zarashow, e o gerente de engenharia de software, Steven Elie, não sabiam ao certo sobre o destino dos dados de usuários. 

“Não acredito que exista uma única pessoa que possa responder a essa pergunta”, disse Zarashaw. “Seria necessário um esforço de equipe significativo para poder responder a essa pergunta.”.

A audiência foi conduzida pelo mestre especial, Daniel Garrie, que tinha a missão de interrogar os funcionários da big tech para descobrir onde os dados pessoais dos usuários eram armazenados.

Segundo as transcrições da audiência, Garrie questionando sobre o destino dos dados, disse “Alguém deve ter um diagrama que diga onde esses dados são armazenados”.  Zarashaw respondeu: “Temos uma cultura de engenharia um tanto estranha em comparação com a maioria, onde não geramos muitos artefatos durante o processo” e acrescentou dizendo: “Isso também foi aterrorizante para mim quando entrei pela primeira vez”. 

Zarashaw e Elia descreveram a rede social da Meta como um aparelho de processamento de dados tão complexo que é desafiador até mesmo para os próprios funcionários.

Após o relatório com as transcrições da audiência vir a público, a porta-voz do Facebook, Dina El-Kassaby, respondeu às alegações ao The Intercept.

“Nossos sistemas são sofisticados e não deveria ser surpresa que nenhum engenheiro da empresa possa responder a todas as perguntas sobre onde cada informação do usuário é armazenada”, disse a porta-voz. “Fizemos – e continuamos fazendo – investimentos significativos para cumprir nossos compromissos e obrigações de privacidade, incluindo amplos controles de dados”.

Via Apple Insider e The Intercept

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Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Jornalista 100% geek há quase 20 anos, pai do Alê, fanático por tecnologia, games, Star Wars, esportes e chocolate. Narrador/comentarista esportivo e Atleta Master. Não necessariamente nessa ordem.