Uma equipe internacional de cientistas descobriu algo inesperado: vestígios de um recife de corais em meio à Planície de Nullarbor, um gigantesco deserto na Austrália. Em seu estudo, publicado na revista Earth Surface Processes and Landforms, eles afirmam que o ecossistema prosperou na região há 14 milhões de anos.

Através de um trabalho de campo e de imagens de satélite em alta resolução, os pesquisadores concluíram que a planície – hoje uma extensão de terra quente sem propriedades geológicas facilmente distinguíveis – é o que sobrou de “uma estrutura de leito marinho preservada por milhões de anos”, segundo um comunicado dos cientistas.

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Descoberta no deserto

A peça central do estudo é uma colina em formato de anel descoberta em meio ao deserto através das imagens de satélite. Posteriores estudos de campo mostraram que restos biológicos identificados no local eram similares aos de estruturas microbianas comumente encontradas no mar.

“A ‘colina’ em forma de anel não pode ser explicada por impacto extraterrestre ou qualquer processo de deformação conhecido”, afirmou Milo Barham, geólogo e coautor do estudo. “Mas preserva texturas microbianas originais tipicamente encontradas na Grande Barreira de Coral.”

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Foto aérea da Grande Barreira de Coral, na Austrália | Fonte: Shutterstock.

Segundo os cientistas, o deserto em questão é um local muito propício ao estudo geológico, já que se encontra relativamente intocado pela erosão, diferentemente de lugares mais úmidos. Desse modo, toda a região seria um tipo de “fóssil gigante“.

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“Ao contrário de muitas partes do mundo, grandes áreas da planície de Nullarbor permaneceram praticamente inalteradas pelos processos de intemperismo e erosão ao longo de milhões de anos”, acrescentou Barham, “isso tornou o local uma fonte geológica única que demonstra a história antiga de maneiras notáveis.”

“Esses atributos da paisagem que agora identificamos”, continuou ele, “tornam a Planície de Nullarbor uma terra que o tempo esqueceu e permitem uma compreensão mais profunda e fascinante da história da Terra”.