YouTube recomenda mais vídeos a favor de Bolsonaro, diz pesquisa 

Matheus Barros13/09/2022 15h19
Presidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro durante solenidade de Ação de Graças, no Palácio do Planalto. Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Uma pesquisa realizada pelo NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontou que o algoritmo do YouTube recomenda mais vídeos pró-Bolsonaro, como entrevistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao programa Pânico, da Jovem Pan.  

Os pesquisadores criaram 18 novos perfis, que acessaram o YouTube em diferentes datas e horários entre os dias 23 e 30 de agosto, utilizando uma aba anônima do navegador e VPN – ferramenta que oculta o verdadeiro endereço IP do usuário, simulando assim diferentes localizações dentro do Brasil.  

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Este método foi adotado a fim de não influenciar o tipo de recomendação feita pelo YouTube, já que a plataforma utiliza do histórico de interação para recomendar novos vídeos aos usuários.  

Nas 18 visitas-teste, os canais do grupo Jovem Pan foram recomendados 14 vezes na página inicial da plataforma de vídeos do Google. A entrevista de Bolsonaro ao programa Pânico, por exemplo, foi recomendada oito vezes pelo YouTube.

Também foram encontradas recomendações que apresentam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como “doente mental” e “chefe de quadrilha”, ou que apontam que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem uma aliança com o candidato a presidência e adversário de Bolsonaro.

Mesmo sem curtidas ou visualizações em canais de direita, as recomendações a vídeos da Jovem Pan e pró-Bolsonaro se destacou. Vídeos da emissora foram recomendados 10 vezes nas 18 visitas, enquanto outros canais de notícias, como UOL, teve 5 indicações, seguido por CNN Brasil e Band Jornalismo com apenas zuma recomendação.  

Na página inicial do YouTube, os mais recomendados, por grupo de comunicação, foram Jovem Pan (25), UOL (16), Grupo Bandeirantes (9), CNN (8), Correio do Povo (7), SBT (6), Metrópoles (5) e Fundação Padre Anchieta (5). 

Criador de conteúdo acessando o YouTube pelo celular.
Imagem: Sutipond Somnam/Shutterstock

“É muito grave o YouTube, uma plataforma com mais de 130 milhões de usuários no Brasil, privilegiar um veículo de mídia no seu sistema de recomendação, diante de tantas outras fontes. Ainda mais por [a Jovem Pan] ser um veículo hiper partidário, claramente bolsonarista, que não dá isonomia aos candidatos”, afirmou Marie Santini, diretora do Netlab, ao jornal Folha de São Paulo.  

“Essa situação cria um desequilíbrio nas eleições, faz propaganda com o uso do algoritmo, pois a recomendação é uma forma de moderação de conteúdo”, continua.  

O que diz o YouTube?

O YouTube afirmou que não teve acesso a pesquisa, por isso, não vai comentá-la. Porém, explicou que seu “sistema de recomendação busca ajudar as pessoas a encontrarem vídeos que lhes ofereçam algo útil e interessante”.  

“Para tal, nós nos baseamos em vários tipos de ‘sinais’, ou seja, dados que alimentam o sistema. Esses sinais incluem cliques, tempo de visualização, respostas a pesquisas, número de compartilhamentos, números de cliques em “gostei” e “não gostei”, entre outros.” 

E é importante lembrar que o YouTube anunciou a iniciativa #AntesDoSeuPlay, que promete recomendar conteúdo de fontes confiáveis e diminuir o alcance de informações duvidosas. No entanto, a emissora mais recomendada na pesquisa possui conteúdos rotulados como “falso” por algumas agências de checagem do país, como Aos Fatos, Lupa e Projeto Comprova.  

Jair Bolsonaro durante sua participação no programa Pânico, da Jovem Pan
Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Na entrevista de Bolsonaro ao Pânico que foi recomendada algumas vezes pelo YouTube, por exemplo, o presidente fez alegações infundadas sobre o processo eleitoral brasileiro, como a de que as Forças Armadas descobriram “centenas de vulnerabilidades” nas urnas eletrônicas. 

Fonte: Folha de São Paulo

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Matheus Barros
Redator(a)

Formado em Jornalismo pela FIAM FAAM, Matheus Barros iniciou seu trabalho em redação jornalística no portal da RedeTV! e hoje atua como repórter de Internet e Redes Sociais do Olhar Digital.