Um novo estudo revela que uma série de pedaços de carvão minúsculos encontrados em quatro crateras formadas por asteroides são cadáveres incinerados de microrganismos. As crateras, que ficam na Estônia, Polônia e Canadá, foram criadas com milhares de anos de diferença.

O carvão “foi formado por organismos mortos, queimados e enterrados pelos asteroides”, afirma a principal autora do estudo, Anna Losiak. Esta descoberta aposenta a hipótese anterior de que os pedaços, que medem de milímetros a poucos centímetros, vieram de incêndios florestais.

Losiak optou por analisar crateras menores, com até 200 metros de diâmetros. Esses vestígios de impactos se formam a cada 200 anos, aproximadamente, e apresentam diversas oportunidades de estudar as condições de formação de crateras.

“A maioria das pessoas está interessada nas colisões gigantescas porque elas são capazes de causar danos em nível global – a extinção dos dinossauros é o único exemplo deste tipo de evento”, afirma Losiak.

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Churrasco de microrganismos

O primeiro contato da pesquisadora com o carvão misterioso foi próximo a uma cratera na Estônia. Inicialmente, ela buscava o ‘paleossolo’ do local, ou seja, um tipo de solo antigo coberto pelo material removido da cratera durante a sua formação. Embora não tenha conseguido encontrá-lo, ela se deparou com o carvão.

“A princípio, pensamos que esse carvão tinha sido formado por incêndios florestais que ocorreram logo após o impacto”, ela conta. “Com o tempo, porém, eu encontrei exemplares similares de carvão em outros pontos de impacto de asteroides e passei a pensar que havia algo de errado com essa hipótese.”

O que causou estranheza nela e em sua equipe foi o fato de que diversos incêndios florestais ocorreram pouco antes da formação de crateras geograficamente distantes umas das outras e separadas por milhares de anos.

“Isso não fazia o menor sentido, então decidimos investigar mais a fundo, analisando as propriedades dos pedaços de carvão misturados ao solo das crateras e comparando-os com o carvão de incêndios florestais”, ela conta. Foi aí que o time de pesquisadores descobriu que as amostras encontradas não tinham nenhuma relação com incêndios.

Crateras úteis com carvão

Meteorito de 30 toneladas encontrado na região de Campo del Cielo, Argentina | Crédito: Pricila Franz, via Shutterstock.

Várias entidades, como a NASA, estão sempre em busca de corpos extraterrestres, incluindo cometas e asteroides, que possam formar crateras na superfície terrestre. Até agora, os especialistas não encontraram nenhum motivo de preocupação, mas Losiak diz que estudos como o dela ajudarão nos esforços de preparação para eventuais perigos vindos de fora.

“Este estudo aprimora os nossos conhecimentos acerca dos efeitos ambientais da formação de pequenas crateras”, ela afirma. Quanto a futuros impactos, a autora assegura que, graças ao seu trabalho, “seremos capazes de determinar o tamanho e o tipo de zona de evacuação necessária.”

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Losiak e sua equipe agora planejam prosseguir sua pesquisa em um conjunto de crateras na Argentina, em uma região chamada Campo del Cielo.

“Vamos coletar mais dados e amostras e, com sorte, encontraremos mais organismos mortos por asteroides”, ela conta.