Na segunda-feira (19), Cláudia Raia alvoroçou a internet ao anunciar a terceira gravidez no auge dos seus 55 anos. Casada há três anos com o ator Jarbas Homem de Mello, o filho será o primeiro do casal. Seus outros dois filhos, Enzo Celulari e Sophia Raia, são fruto do seu casamento com Edson Celulari, que terminou em 2010. 

“Não é novidade nosso sonho de sermos pais! E não é que ele se realizou? Eu e Jarbas estamos grávidos! A família vai aumentar!”, escreveu a atriz em seu Instagram. 

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Quais as chances de uma gravidez após os 40 anos? 

A notícia alegrou e assustou não apenas Raia, que não esperava uma gravidez a essa altura da vida, mas também a todas as mulheres, tanto as que têm esperanças de engravidar independentemente da idade quanto as que não querem e acreditavam estar seguras após os 40 anos. 

Mas, por que os 40 anos? De acordo com a medicina, a partir dos 35 anos começa a famosa falência da fertilidade, isso porque à medida que vamos envelhecendo, nossos óvulos também envelhecem, bem como todas as células do nosso corpo. A ovulação é essencial para uma gravidez bem sucedida e sua diminuição, claro, é uma das principais dificuldades da gravidez após os 35 anos. 

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No entanto, não são apenas os hormônios ovarianos que interferem no momento de engravidar, os tireoidianos, adrenais e da hipófise também. A tireoide, por exemplo, produz dois hormônios – a tri-iodotironina (T3) e a tiroxina (T4) – que são essenciais para a saúde da mãe e do feto na gestação. 

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Com o avanço da idade e a queda de hormônios chega a temida menopausa, que geralmente ocorre a partir dos 51 anos, mas que pode gerar queda nos níveis hormonais até 10 anos antes. Até na menopausa é possível engravidar, mas as chances diminuem drasticamente porque os ciclos ovulatórios ficam cada vez menos frequentes. 

De acordo com o site da Clínica Huntington, espaço voltado para a medicina reprodutiva, dos 31 aos 35 anos a probabilidade de engravidar é de 15% em cada mês de tentativa, ou seja, 80% de chances de gravidez em um período de 12 meses. Com 35 anos, essa taxa cai significativamente para 9% ao mês e 50% durante o ano. A porcentagem continua a cair com o passar dos anos; dentre os 43 e 45 anos a probabilidade de engravidar é de apenas 0,2% e de 1% em um ano inteiro de tentativas. 

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Vale destacar que, a partir dos 40 anos a mulher já pode entrar na menopausa. Não é a chamada menopausa precoce, mas também é considerada uma entrada um pouco antes do que o normal. 

Imagem: shutterstock/Andrii Zastrozhnov

Quais os riscos de uma gravidez em mulheres mais velhas? 

Segundo especialistas da Fiocruz, há um lado bom e ruim em gestar depois dos 40 anos. O lado bom é que pesquisas indicam que as mães mais velhas são, em geral, mais instruídas, têm carreiras profissionais mais consolidadas e são mais propensas a amamentar. A partir de suas experiências de vida, são mais aptas a tomar decisões familiares mais saudáveis e inteligentes. 

Por outro lado, do espectro clínico, há riscos inerentes à gestação, como aborto espontâneo, síndrome de Down, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro, macrossomia, anomalias placentárias, gestação múltipla, natimortalidade e crescimento intrauterino restrito. Tudo isso além de outras condições que a paciente já pode trazer, como obesidade, hipertensão arterial ou doenças da tireoide. 

Assim, os cuidados de uma paciente com mais idade e que esteja grávida também são diferentes e com especificidades avaliadas individualmente. Mulheres nesse período devem buscar informações e acompanhamento médico, além de mudar o estilo de vida e buscar testes para identificar possíveis complicações. 

Mulheres mais velhas que estão grávidas exigem cuidados diferentes. Imagem: shutterstock/fizkes

Quero engravidar, mas já tenho 40 ou mais, e agora? 

Ainda conforme reportagem da Fiocruz, Fernando Maia, gerente de medicina fetal do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), esclarece que após os 40 anos ainda é possível engravidar por vias naturais (mesmo que demore um pouco mais), no entanto, conforme os anos, como a partir dos 45 anos, a gestação já se torna quase impossível a partir de óvulos próprios. 

É aí que a tecnologia entra oferecendo formas tanto para contornar a questão da idade quanto para acompanhar o processo de gravidez, já que qualquer gestação após os 40 anos é considerada de risco. Assim, para quem já passou dos 35 anos e sonha em ser mãe, o primeiro passo é buscar orientação médica para avaliar qual opção se encaixa melhor no quesito clínico e financeiro. 

Um estudo do Ministério da Saúde, divulgado em 2014, mostrou que as mulheres tem optado por engravidar mais tarde. Até o início do século 20, somente 22,5% das mulheres se tornavam mãe aos 30 anos, na atualidade esse percentual subiu para 30,2%. Com esse cenário, o congelamento de óvulos se tornou uma opção interessante para mulheres que querem ser mães em um futuro mais distante – embora ainda não seja tão acessível devido ao alto valor de investimento para o processo de armazenamento (algo em torno de R$ 15 mil). 

Imagem: shutterstock/Marko Aliaksandr

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a opção, mas há algumas ressalvas. A alternativa fica restrita, por exemplo, a mulheres que possuem algum tipo de câncer, e ainda assim valores podem ser cobrados.

Existe também a fertilização in vitro, processo altamente tecnológico que coleta óvulos diretamente dos ovários de uma mulher e os fertiliza com sêmen em laboratório – e a realização do procedimento também custa caro. Alguns casos de fertilização in vitro ou de inseminações artificiais – as alternativas são diferentes – podem exigir reposição hormonal para que o corpo tenha a quantidade necessária de estrogênio e progesterona para gestar o embrião. 

Além desses – e como uma opção, possivelmente, mais barata –, há os testes de ovulação, que detectam sua quantidade de hormônios e podem ajudar, por exemplo, indicando quando é o momento mais fértil para que você possa aproveitá-lo. Os kits de testes de ovulação estão disponíveis na maioria das farmácias do Brasil. Vale lembrar que também há opções de adoção para aquelas pessoas que sonham em ser mães e pais e, por algum motivo, não podem conceber naturalmente. 

É importante destacar que mulheres sofrem diariamente com uma pressão interna a respeito de seu relógio biológico, sendo largamente desnecessário que essa cobrança parta também de outras pessoas. Ter um filho é uma decisão extremamente importante e totalmente pessoal, e que precisa ser avaliada com responsabilidade, principalmente no que diz respeito à mulher e seu corpo. Às que sonham em ser mãe, há opções e especialistas que podem auxiliar no processo, independentemente da idade. 

Imagem: shutterstock/Antonio Guillem

Como a Cláudia Raia conseguiu engravidar? 

Apesar da surpresa, Cláudia Raia já havia falado em outras ocasiões sobre seu desejo de ser mãe mais uma vez. Embora ela não tenha deixado claro quais foram os métodos utilizados ou se a concepção ocorreu – de forma surpreendentemente – a partir dos meios naturais, em entrevista ao canal da Sabrina Sato, em 2020, a atriz revelou que havia congelado alguns óvulos e explicou que mulheres mais velhas não precisam se colocar apenas no papel de avós. 

“Por que uma pessoa de 50 e poucos anos tem que ser só avó se ela quer ser mãe, se ela tem um novo casamento? Pode tudo o que você quiser. Eu quero ser mãe primeiro e depois eu quero ser avó. Eu congelei alguns óvulos, uns que sobraram ali, vamos ver. Jarbas é animado [para isso] desde o primeiro ano, eu que estou protelando”, afirmou Raia, na época. 

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