Você conhece a União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês)? A agência pertence a Organização das Nações Unidas (ONU) e é a responsável por monitorar e criar padrões e interoperabilidade entre uma grande variedade de serviços e tecnologias – como a internet -, expandindo o acesso às plataformas de comunicações que conhecemos atualmente.  

A agência é de extrema importância para a internet mundial, mas é pouco conhecida. Um exemplo claro de seu trabalho é a possibilidade de um celular japonês funcionar em qualquer outra parte do mundo e vice-versa.  

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Isso é possível graças ao trabalho da agência em garantir que todos os países possam concordar com a alocação de espaço no espectro de radiofrequências e atribui slots orbitais a vários satélites de comunicação, entre outras tarefas. Além dos 190 Estados-Nação, também fazem parte da ITU mais de 900 corporações, órgãos de pesquisa e ONGs.  

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Com tamanha importância, é claro que a ITU pode mudar definitivamente o futuro da internet mundial. E essa mudança pode estar próxima de acontecer, afinal, a liderança da ITU mudará nos próximos.  

Estão concorrendo à vaga a americana ex-especialista do Departamento de Comércio em Telecomunicações, Doreen Bogdan-Martin, e o ex-vice-ministro do Ministério das Telecomunicações da Rússia, Rashid Ismailov.  

As propostas de ambos são muito parecidas, entre a principal delas, está a necessidade de conectar todas as pessoas do mundo à internet e ao serviço de celular até 2030. Porém, os candidatos representam visões distintas.  

Bodgan-Martin entrou na ITU em meados de 1990 e usa como foco seu histórico de navegação na complexa maquinaria do órgão das Nações Unidas. Enquanto Ismailov promete uma “humanização” da infraestrutura de telecomunicações, além de pregar um fim do domínio norte-americano sobre a internet e suas tecnologias.  

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Imagem: monticello/Shutterstock

Caso o candidato “errado ganhe, as pessoas ao redor do mundo podem não conseguir se conectar a uma única internet interoperável”, disse Göran Marby, do Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann), ao site Wired.

A ITU é tão importante que até nações mais autoritárias como a China aumentaram seu interesse sobre a agência. De acordo com a pesquisadora adjunta do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), Kristen Cordell, o maior ativismo chinês é devido as preocupações com a enorme influência da ITU na definição de padrões que podem levar à bifurcação da internet. 

Vale lembrar que Ismailov passou três anos como vice-presidente regional da Huawei, sendo um velho conhecido da política internacional da China. Pequim e Moscou já declararam estar na mesma página da ITU.  

Em 2021, os governos fizeram um pacto se comprometendo a serem mais flexíveis quando se trata de governança internacional de tecnologia, com o objetivo de “preservar o direito soberano dos Estados de regular o segmento nacional da Internet”. 

“Rússia e China enfatizam a necessidade de aumentar o papel da União Internacional de Telecomunicações e fortalecer a representação dos dois países em seus órgãos de governo”, concluiu o acordo. 

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