Pequeno planeta Ceres está vivo

Por Isabela Valukas Gusmão, editado por Lucas Soares 30/09/2022 20h30, atualizada em 03/10/2022 15h39
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Imagem: Planeta anão Ceres, mostrado nessas renderizações de cores, que destacam diferenças nos materiais superficiais (Imagem: NASA/JPL)
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Dados e imagens obtidos pela missão Dawn, da NASA, forneceram uma visão incrível da superfície do planeta Ceres, localizado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. De acordo com o geocientista, Scott King, do Virginia Tech College of Science, a visão de Ceres era muito nebulosa e difícil de identificar.

Em varreduras telescópicas anteriores, Ceres não tinha características distintas em sua superfície. Então, em 2015, os cientistas conseguiram observar até mesmo a composição e as estruturas do planeta, o que revelou uma atividade geológica inesperada. Até então, pensava-se que Ceres estava inativo, já que era tão pequeno.

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Em vez disso, Dawn observou que ao redor do objeto, no cinturão de asteroides, havia fraturas em rochas agrupadas de um determinado local, bem como a missão identificou sinais óbvios de um mundo oceânico, com depósitos de minerais condensados por toda a superfície. Esses depósitos eram o sinal de um oceano congelante.

King nutria certa curiosidade sobre Ceres, ele não compreendia plenamente como um corpo tão pequeno quanto esse planeta poderia produzir o calor necessário para suportar tal nível de atividade geológica, capaz de justificar as características da superfície observadas por Dawn.

Felizmente, através da modelagem computacional, ele e uma equipe de cientistas, em conjunto com o Serviço Geológico dos Estados Unidos e o Instituto de Ciência Planetária descobriram que a decomposição de elementos radioativos, no interior de Ceres, mantêm o planeta ativo.

Ceres
Reprodução da superfície do planeta anão Ceres (Imagem: Andamati/Shutterstock)

Elementos radiativos influenciam a atividade de Ceres

Os estudos feitos por King sobre planetas grandes como a Terra, Vênus e Marte sempre indicaram que os planetas começam quentes. Esse calor é oriundo da colisão entre objetos que formam o planeta. Entretanto, segundo King, Ceres, nunca ficou grande o suficiente para se tornar um planeta e gerar calor da mesma maneira.

O modelo feito pela equipe indicou que Ceres começou frio e passou a se aquecer a partir da decomposição de elementos radioativos como urânio e tório. Esse processo perdurou até o interior do planeta se tornar instável, com uma parte se movendo para cima e outra para baixo. Esse movimento poderia explicar algumas das características encontradas na superfície de Ceres.

Portanto, de acordo com o modelo da equipe, Ceres não seguiu o padrão típico de formação de planetas. Segundo King, “o que mostramos neste artigo é que o aquecimento radiogênico por si só é suficiente para criar geologia interessante”. Agora, a pedido da NASA e da Fundação Nacional de Ciência recentemente, o geocientista irá replicar esse modelo, com algumas melhorias, nas luas de Urano, para descobrir como são os seus interiores.

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.