A partir do crânio encontrado em 1881, que pertenceu a um ser humano da Idade da Pedra – há cerca de 31 mil anos – os pesquisadores conseguiram realizar um novo estudo feito através da reconstrução facial da dona da estrutura da óssea.

Encontrado enterrado dentro da caverna de Mladeč, na República Tcheca, o crânio era considerado de um homem. Porém esse novo estudo mostra que os cientistas estavam errados. Mais de 140 anos depois da descoberta, concluiu-se que se tratava de uma jovem de 17 anos que viveu durante o Aurignacian, parte do período Paleolítico Superior (cerca de 43.000 a 26.000 anos atrás).

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A forma como essa pesquisa foi feita está detalhada no livro on-line “A Abordagem Facial Forense para o Crânio Mladeč 1”. Nele é possível encontrar todos os passos que os cientistas tomaram para reclassificar o sexo de “um dos homo sapiens mais antigos encontrados na Europa”.

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Em uma declaração feita ao Live Science, o especialista brasileiro em gráficos e um dos coautores do livro supracitado, Cícero Moraes disse que foi a partir do surgimento de novos crânios no local que, quando comparados com o primeiro encontrado, modificou a conclusão.

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Imagem: Reconstrução facial feita a partir de crânio encontrado na República Tcheca. Créditos: Cicero Moraes/Jiri Sindelar/Karel Drbal

Para realizar a reconstrução facial os autores utilizaram a técnica de tomografias computadorizadas para criar uma aproximação digitalizada do crânio. Porém, como a mandíbula estava faltando, Moraes procurou dados existentes de mandíbulas humanas modernas para ajudar a preencher os espaços em branco de como esse indivíduo poderia ter se parecido.

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Moraes conta que “tivemos que reconstruir o crânio e para isso usamos dados estatísticos de média e projeções extraídos de cerca de 200 tomografias de humanos modernos e de escavações arqueológicas pertencentes a diferentes grupos populacionais, incluindo europeus, africanos e asiáticos. Isso nos permitiu projetar regiões desaparecidas do rosto humano”.

Marcadores para delimitar as regiões da face

Com a imagem digital completa do crânio, Moraes fez a aplicação de diversos marcadores para delimitar as regiões da face e definir os limites da pele. Uma das limitações está na definição dos tamanhos do nariz, boca e olhos, por exemplo, que não são definidos pelos marcadores.

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Diante dessa situação, Moraes disse que os pesquisadores “importaram tomografias computadorizadas de indivíduos vivos e deformaram os ossos e tecidos moles da tomografia computadorizada para combinar com a aproximação do rosto”. Ele complementa dizendo que “no caso do fóssil Mladeč 1, deformamos duas tomografias, uma de um homem e uma de uma mulher, e as duas convergiram para um resultado muito semelhante”.

Neste primeiro momento, Moraes disse o grupo optou “por gerar uma face neutra”. Posteriormente, “a tendência será apresentar duas abordagens para as obras, uma mais científica e simples em tons de cinza, com olhos fechados e sem cabelo, e a outra mais subjetiva… onde geramos um rosto colorido com pele e cabelo”, explicou. Apesar de os arqueólogos terem encontrado outros itens no local do enterro como artefatos de pedra, pontas ósseas e vários dentes, pouco se sabe sobre a jovem que foi enterrada lá.

Outros casos semelhantes

Um caso de reclassificação também aconteceu no Brasil, com o esqueleto conhecido como “Zuzu”. Segundo Moraes explica, com Zuzu foi o contrário, “inicialmente pensava-se que era uma mulher, mas estudos posteriores revelaram que [era], na verdade, um homem”.

Outro caso foi registrado na Suécia. Um viking, que havia sido enterrado com armas e outros aparatos, foi originalmente considerado um homem pelos arqueólogos, porém, tempos mais tarde novos exames mostraram que se tratava de uma mulher.

Via: Live Science

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