Gamers são mais preconceituosos do que a população em geral, diz pesquisa

Segundo os autores, "na pior das hipóteses, os jogadores podem ser atraídos a abraçar crenças extremistas que os levam ao caminho da radicalização"
Por Isabela Valukas Gusmão, editado por André Lucena 28/10/2022 19h30
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(Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)
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A ciência confirmou uma suspeita que muitas pessoas tinham sobre os jogadores de videogames: eles são mais preconceituosos do que a população em geral. Em uma entrevista concedida pela diretora da organização Take This, Rachel Kowert, a pessoa que assume “a identidade gamer, parece refletir o que chamamos de cultura gamer tóxica, que tende a refletir mais exclusão do que inclusão — então coisas como racismo, sexismo e misoginia”.

A alegação da diretora, que também é a autora principal do artigo, baseia-se em três estudos que analisaram as crenças de centenas de jogadores autodeclarados, que fundiam suas identidades individuais com as identidades sociais. Essa fusão on-line é análoga àquela que soldados e membros de gangues desenvolvem, uma situação difícil de dissociar. “A forma como a fusão é mostrada para se desenvolver torna-os mais suscetíveis a comportamentos mais extremos”, disse Kowert.

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A supressão ou confusão de identidade individual e coletiva é “uma espada de dois gumes”, de acordo com os pesquisadores. Embora existam os aspectos sociais positivos de pertencer a um grupo, os jogadores que participaram do estudo também estavam mais expostos a muito discurso de ódio e outros tipos de toxicidade que os não-jogadores provavelmente reconheceriam de sites como Reddit e 4chan.

Segundo os autores, “na pior das hipóteses, os jogadores podem ser atraídos a abraçar crenças extremistas que os levam ao caminho da radicalização”. Nessa pesquisa, foram considerados apenas as pessoas que jogavam “Call of Duty” e outros que jogavam “Minecraft” — e, sem surpresa, descobriu-se que a multidão de “Call of Duty” tendia a reproduzir e propagar mais discursos preconceituosos, que os jogadores de Minecraft.

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Imagem: Jogador em uma partida online de um jogo de tiro em primeira pessoa. Créditos: Gorodenkoff/Shutterstock

Em entrevista à Vice, Kowert associou esse comportamento odioso, não ao jogo e seu conteúdo especificamente, mas sim à comunidade na qual a pessoa está inserida, com quem ela gasta o tempo dela falando e sobre o quê, dentro do ambiente virtual, dos fóruns e chat.

Pesquisas sobre ações preconceituosas nas redes são incipientes

A pesquisadora destacou que esse campo de pesquisa é incipiente e por isso mais pessoas precisam se debruçar sobre esse assunto para que o fenômeno por trás da formação e disseminação desses grupos preconceituosos possa ser mais bem compreendida.

Além disso, ela ressalta a importância de conversar sobre “os jogos que estão sendo alavancados dessa forma, porque não estamos tendo essa conversa e, portanto, não podemos amenizar isso se não tivermos a conversa.” Kowert também reconhece “que os jogos são lugares maravilhosos que têm coisas mais positivas para oferecer do que coisas negativas em todo o quadro”.

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.