A Apple é um sucesso. No mercado e em todo o setor de tecnologia, é uma referência de produtos premium, inovação e, mais importantemente, é uma empresa que protagonizou um fenômeno social: a “grife tecnológica”. Um iPhone é um objeto de desejo meu, seu e de inúmeros consumidores no mundo todo. Mas, por que há tanto entusiasmo em pagar mais caro para termos uma maçã atrás do celular, tablet ou computador?

Todos nós já vimos isso: qualquer lançamento de produtos da Apple é acompanhado por uma enxurrada de cobertura da imprensa, com fãs frenéticos da Apple fazendo fila, entre centenas de outros, para colocar as mãos nos produtos mais recentes. Por isso, as vendas da empresa não param, mesmo em meio à crise econômica.

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Apple bate recordes enquanto mercado de smartphones não para de cair

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Imagem: humphery/Shutterstock

De acordo com a Canalys, empresa de análise de mercado, o setor global de smartphones caiu 9% no terceiro trimestre de 2022. Trata-se da terceira queda consecutiva enquanto os consumidores pensam duas vezes antes de gastar o dinheiro que já está curto neste ano.

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Mesmo assim, a dominância da Apple no mercado cresceu de 15% na mesma época de 2021 para 18% em 2022. Ou seja, mesmo com um mercado inteiro em queda, os consumidores fiéis à Apple seguem comprando a maçã.

Os resultados financeiros da empresa referentes ao terceiro trimestre de 2022, divulgados no final de julho, mostram recordes em todos os setores da companhia. No total, a receita gerada foi de US$ 83 bilhões, o maior número já registrado no período.

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Dominância do mercado de smartphones no terceiro trimestre de 2022 (Imagem: Reprodução / Canalys)
Dominância do mercado de smartphones no terceiro trimestre de 2022 (Imagem: Reprodução / Canalys)

Na época, Luca Maestri, diretor financeiro da Apple, disse:

“Definimos um recorde de receita no trimestre de junho e nossa base instalada de dispositivos ativos atingiu um recorde histórico em todos os segmentos geográficos e categorias de produtos”.

Mas, afinal, por que a Apple segue crescendo mesmo com o mercado tech em crise? Vejo duas principais repostas para isso: fidelização de consumidores e promoção orgânica da marca.

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Apple é uma grife tecnológica e o iPhone é um objeto de desejo

Similar ao que acontece na bilheteria de grandes shows de artistas internacionais, fãs da Apple (ao menos nos Estados Unidos) acordam às 5 da manhã para já formar uma enorme fila nas portas das lojas da empresa. Pode até parecer ridículo á primeira vista, especialmente considerando os altos preços da Apple. Então, como isso poderia fazer sentido?

Como jornalista especializado em tecnologia e repórter de produtos e reviews no OIhar Digital, não acredito que há muito sentido lógico nesse fenômeno. No entanto, há pouca lógica envolvida quando se é realmente fã de algo. Se você pensar em fidelidade à marca, a Apple praticamente protagonizou esse movimento no mercado, especialmente quando falamos de smartphones e do tão absurdamente bem-sucedido iPhone.

iPhone 14 e iPhone 14 Plus (Imagem: divulgação/Apple)
iPhone 14 e iPhone 14 Plus (Imagem: divulgação/Apple)

Vejo os leais fãs da Apple não apenas como usuários e consumidores, mas também como promotores da marca. É um motivo de “orgulho” ter a maçã em um dispositivo, além de ser um claro símbolo de status social, dado o caráter premium da Apple e os altos preços. E mesmo com um iPhone 14 básico custando a partir de R$ 7.599 no Brasil, há quem gaste o que pode e o que não pode, parcelando 12 vezes, para ter o lançamento.

Comparo a uma grife de roupas. Quem paga caríssimo em uma camiseta de marca não está muito preocupado com a qualidade do tecido, por exemplo, mas apenas em ter algo com um símbolo associado a status. A Apple, por outro lado, também entrega qualidade além de todo o resto, se consolidando, a meu ver, como uma “grife tecnológica”.

Essa fidelização foi construída durante anos pela Apple. É inegável que Steve Jobs foi um gênio do mercado de tecnologia. Hoje, sua marca é “premium” em todo o seu catálogo e sinônimo de exclusividade e inovação. Em conjunto a tudo isso, a maçã é ainda um objeto de desejo. É curioso pensar que, se a Apple não fosse tão cara, talvez não houvesse tamanha fidelização, já que o iPhone, por exemplo, não seria necessariamente um símbolo de status social.

Usuários da Apple são uma legião de promotores

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Imagem: kovop58/Shutterstock

Como eu disse anteriormente neste artigo, além da inédita fidelização de consumidores, o sucesso da Apple é atribuído também a uma massiva promoção orgânica de sua marca e produtos. Os usuários de iPhone não chamam o smartphone de “celular”, o chamam pelo nome do produto.

Escuto, com frequência, a frase “meu iPhone”. No entanto, isso não ocorre com outras marcas. No cotidiano, nunca ouvi ninguém chamar seu celular Android de “meu Samsung”, ou “meu Xiaomi”. O mesmo vale para computadores e tablets da Apple. Não é apenas um notebook, é um MacBook. Não é apenas um tablet, mas sim um iPad.

Por isso, digo que usuários da Apple mantêm o nome da marca e dos produtos nos ouvidos das pessoas diariamente, algo que nenhum comercial de TV, campanhas de redes sociais e nem o maior evento poderia fazer em termos de marketing.

Não sou um grande fã da Apple. Me considero um consumidor pragmático e não vejo custo-benefício nos aparelhos da marca. Ainda assim, confesso que, fugindo do meu racional, desejo ter um iPhone novo, ou um MacBook Pro com chip M2.

Sei muito bem que, pelo mesmo preço, compraria um smartphone Android topo de linha e um computador Windows com as melhores especificações do mercado. Ainda assim, esse fenômeno é social e difundido constantemente ao seu redor. A não ser que você se enfie embaixo de uma pedra, você ouvirá, lerá e assistirá à maçã onde quer que esteja.

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