Rochas da Lua podem se tornar combustível para foguete

Utilizar regolito lunar para abastecer os foguetes pode ser uma boa ideia para prolongar missões espaciais e favorecer viagens de retorno
Por Isabela Valukas Gusmão, editado por André Lucena 07/11/2022 09h00
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Imagem: Ilustração 3D de cratera na Lua. Créditos: Whitelion61/Shutterstock
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Oxigênio líquido ou hidrogênio líquido? Nenhum dos dois. Cientistas chineses utilizaram amostras retiradas de pedras da Lua em combustível para foguetes. A equipe conseguiu converter amostras reais do solo da Lua e gerou uma forte candidata à fonte de energia, uma solução que pode ser muito útil em viagens de retorno.

Segundo o artigo publicado na National Science Review, os pesquisadores descobriram que as amostras do solo lunar podem atuar como uma espécie de catalisador, que converte gás carbônico e água do corpo e ambiente dos astronautas em metano e oxigênio.

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O principal autor do artigo, Yujie Xiong, disse que esse tipo de recurso é necessário para “alcançar a produção extraterrestre de combustível e oxigênio”, dessa forma será possível realizar missões de exploração lunar com muito mais confiança e segurança, além de contar com uma durabilidade maior. Ao considerar que os recursos extraterrestres são muito limitados, a equipe propôs “empregar o sistema robótico para executar toda a configuração do sistema de conversão eletrocatalíltico de CO₂.”

De acordo com informações da pesquisa, o uso do solo lunar é capaz de gerar oxigênio e combustível, e o sistema utilizado permite que esse processo seja feito sem a necessidade de tripulação, ou seja, ele funciona mesmo na ausência de astronautas.

Imagem: Regolito lunar

Em um experimento, a equipe usou amostras da missão Chinesa Chang’e-5, que pousou na Mongólia Interior, em dezembro de 2020. Aquela missão chinesa foi o primeiro voo em solo lunar que retornou à Terra, desde 1976. Na ocasião do teste, o solo lunar efetivamente atuou como um catalisador para a formação do combustível, permitindo a conversão eletrocatalítica de gás carbônico em metano e oxigênio.

Desafio na conversão do combustível

Mas há um grande obstáculo a ser superado para formar esse combustível: liquefazer gás carbônico é uma tarefa complicada, principalmente ao considerar a atmosfera gelada da Lua, já que condensar esse gás requer uma grande quantidade de calor. De qualquer forma, a possibilidade não deixa de existir, cabe aos pesquisadores refinar as variáveis para que uma máquina autônoma se afastando, bombeando oxigênio e combustível para futuros visitantes, seja uma realidade possível.

“Nenhuma diferença significativa pode ser observada entre os sistemas tripulados e não tripulados, o que sugere ainda a alta possibilidade de imitar nosso sistema proposto em locais extraterrestres e comprova a viabilidade de otimizar ainda mais as receitas catalisadoras na Lua”, concluíram os pesquisadores no artigo.

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.