A NASA se prepara (se tudo der certo) para lançar a missão Artemis 1 no próximo dia 16. Essa é a primeira parte de um grande plano da agência para voltar a colocar astronautas na Lua. Os Estados Unidos já estiveram 7 vezes com humanos no nosso satélite natural. Isso pode passar despercebido agora, mas por que no auge da corrida espacial a Rússia (antiga União Soviética) não enviou seus cosmonautas para a Lua?

O primeiro motivo foi a derrota. No caso, a derrota inicial da URSS. Acontece que a partir do momento em que os americanos pisaram no nosso satélite natural, a chegada dos russos já tinha perdido efeito, o que os colocaria sempre atrás dos rivais. Com isso, o direcionamento dos soviéticos mudou, com um deslocamento de gastos para outras ações.

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O caso não é parecido com, por exemplo, a colocação do primeiro satélite em órbita, que os russos lançaram o Sputnik e os EUA posteriormente tiveram que correr atrás para lançar o seu. Nesse caso, o lançamento de satélite era algo fundamental para a sequência dos objetivos espaciais americanos, o que não se aplicou com o caso dos soviéticos e a Lua.

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Sequência de desastres no programa espacial soviético

Se no começo da corrida espacial os russos largaram na frente, tudo desandou depois e em 1969 os EUA colocaram um americano na Lua, superando seus rivais. Enquanto os investimentos na NASA aumentavam, os soviéticos já entravam em uma fase de “fechar as torneiras” e o lançamento de dois programas espaciais simultâneos para tentar ganhar a corrida, tornou tudo mais demorado e caro.

A desistência da Lua não foi imediata, a tentativa inicial, segundo declarações de Serguêi Korolev, o principal engenheiro e projetista de naves espaciais da URSS, era de manter os objetivos intactos e alcançar o satélite natural da Terra. No entanto, apesar de dizerem que os cientistas podiam gastar o quanto fosse necessário para atingir o objetivo, a burocracia por trás disso complicar as coisas.

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Depois de quatro lançamentos fracassados, a URSS desistiu de seu objetivo de chegar à Lua e o Kremlin entendeu que não fazia sentido direcionar tanta verba para um objetivo que já havia sido alcançado pelos americanos. Posteriormente, foi especulado que essa alteração fez os russos conseguiram despender mais dinheiro para seu programa nuclear.

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Imagem: Homem na Lua com a bandeira dos Estados Unidos hasteada ao lado. Créditos: NASA/JSC/ASU/Andy Saunders

Por que voltar com humanos à Lua agora?

Mas depois de tanto tempo, porque estamos voltando à Lua agora? A missão Artemis surge depois de um momento de baixa para as missões tripuladas da NASA. No governo Obama, o programa Constellation, iniciado na era Bush, foi encerrado, assim como os ônibus espaciais foram aposentados. Isso foi motivado devido a atrasos e ao alto custo do projeto.

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Como sabemos, isso não representou o fim da exploração espacial para os EUA. Na verdade, após a aposentadoria do programa dos ônibus espaciais, o congresso dos EUA aprovou que a NASA desenvolvesse um novo foguete para transportar a cápsula Orion. Assim nasceu o SLS e o programa Artemis começou a ganhar forma. 

Isso não muda o fato de o programa ser extremamente caro e ter aumentado de custos desde sua previsão inicial. Até 2025, é estimado que o programa Artemis vai ter custado US$ 93 bilhões aos cofres americanos, o que motivou polêmicas e atrasos nos planos. Mas, por enquanto, o congresso segue mantendo o financiamento do projeto.

Mesmo com tudo isso, existem motivos para a Lua. Primeiramente, as missões da Apollo não exploraram de maneira profunda o nosso satélite natural e ainda existem diversas áreas pouco analisadas, como os polos, que devem ser o foco inicial da Artemis. Outro motivo, é que a operação pode servir de trampolim para um plano mais ousado: levar astronautas para Marte.

A ideia da NASA é ousada e envolve a construção de uma estação espacial na órbita lunar, a Gateway , que vai permitir retornos muito mais fáceis à Lua. No programa Apollo, a cada nova missão tudo precisava ser feito do zero, o que aumenta significamente os custos. A NASA também pretende usar essa base para apoiar uma eventual missão para enviar humanos a Marte no futuro.

Sobre o futuro da Artemis depois da 3, a NASA já planeja a 4 e missões de retorno para a Lua, incluindo a construção da Gateway em parceria com a agência europeia e a agência japonesa. Mas tudo isso, é claro, depende ainda da aprovação do Congresso dos Estados Unidos.

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