Desde junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estuda um novo nome para a varíola dos macacos (monkeypox), zoonose viral da mesma família da varíola comum que já se espalhou por mais de 30 países, incluindo o Brasil.  O motivo para a mudança seria se livrar do tom ‘discriminatório’ da nomenclatura, já que diversas referências incorretas estão classificando a doença como africana ou relacionando-a aos macacos. 

Contudo, embora ainda não seja oficial, tudo indica que a organização já decidiu o novo nome: MPOX. A informação foi divulgada pelo diretor do Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde sobre Legislação Sanitária Global, Lawrence Gostin, que fez uma publicação em seu Twitter contando a novidade. 

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“A OMS está para anunciar MPOX como nova terminologia. Visão ultrapassada. Os estereótipos racistas da varíola dos macacos não eram apenas estigmatizantes, mas também impediam a resposta e diminuíam a cooperação”, afirmou Gostin em trecho do post. 

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Segundo informações do O GLOBO, o site do gestor informou ainda que, segundo fontes, o anúncio oficial deve ser feito nos próximos dias, principalmente devido à pressão do governo americano, como apontado por Gostin no tuíte. 

Por que mudar o nome da varíola dos macacos? 

Oficialmente, a varíola dos macacos é chamada de monkeypox (sendo “varíola dos macacos” a tradução para português). O termo foi empregado em 1958 quando houve a primeira documentação do patógeno em primatas levados da África para a Dinamarca (daí a única relação de varíola e macacos). Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, foi quem anunciou publicamente que o nome seria alterado. Na época, uma consulta pública também foi aberta para a população propor novas possibilidades de nomenclatura. 

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Por ser considerada endêmica (presente numa região permanentemente) em áreas de floresta tropical na África Central e na África Ocidental, diversas pessoas associam o vírus apenas a essas regiões, no entanto, a doença já provocou surtos em outros lugares — como ocorre atualmente. Assim, um grupo de cerca de 30 especialistas publicaram um artigo sobre o vírus e a “necessidade urgente de uma nomenclatura não discriminatória e não estigmatizante para o vírus monkeypox”. 

varíola dos macacos
Imagem: shutterstock/angellodeco

A relação da nomenclatura com macacos, apenas pela primeira detecção do patógeno ter sido feita nos primatas, também levou a outra confusão: os ataques aos animais. Em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, por exemplo, cinco macacos foram encontrados mortos, com indícios de agressão, no início de agosto. A partir disso, e outros casos, diversas entidades começaram a reforçar a explicação de que os animais não eram hospedeiros da doença, mas vítimas como os seres humanos. 

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“É muito importante que encontremos um novo nome para a varíola dos macacos, porque esta é a melhor prática para não criar nenhuma ofensa a um grupo étnico, uma região, um país, um animal”, disse um porta-voz da OMS quando a consulta pública foi lançada. 

Vale lembrar que o vírus também possui variantes, as quais também tiveram suas nomenclaturas alteradas. Antes chamadas de Clado do Congo — variante predominante na África Central — e Clado da África Ocidental, agora as linhagens são Clado I e Clado II, respectivamente. 

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