Volta e meia ouvimos falar que foram descobertos fósseis de dinossauros, hominídeos ou de outro animal já extinto. Mas, como paleontólogos encontram esses restos ou vestígios na natureza? A resposta envolve habilidade, tecnologia e, por que não, sorte? Nas linhas a seguir, o Olhar Digital te explicará mais detalhadamente como funciona esse processo de descobertas paleontológicas.

A primeira ferramenta das três que vamos abordar neste texto é a habilidade. Para efeito didático, gostaríamos que você pensasse nela sendo composta de duas partes: uma teórica e uma prática.

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Ou seja, por um lado, temos a formação convencional do intelecto. No caso específico da Paleontologia – que, no Brasil, está acessível apenas pela pós-graduação em áreas relacionadas -, os seus profissionais estão preocupados em desvendar a história da vida na (e da) Terra. Por isso, sua formação inclui especialmente estudar disciplinas ligadas à Biologia e Geologia, já que seu principal objeto de interesse são os fósseis.

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A teoria ajuda o pesquisador a conhecer o que procurar e onde
A teoria ajuda o pesquisador a conhecer o que procurar e onde. Imagem: Elnur / Shutterstock

A teoria proporciona a estrutura, mas é colocando-a na prática que vemos o pesquisador trabalhar com criatividade, curiosidade e crítica. Afinal, ser flexível e desenvolver um olhar crítico sobre o mundo – e inclusive sobre nossos conhecimentos – nos leva à descoberta e também faz a Ciência avançar.

Tecnologia: aliada para encontrar fósseis

O pesquisador pode começar sua busca com um mapa geológico para ajudá-lo a encontrar essa rocha sedimentar para estabelecer o sítio paleontológico. Então, pode recorrer a imagens aéreas de aviões e de satélites para achar onde há um pedaço exposto dessa rocha. Essas técnicas de exploração economizam tempo e dinheiro.

Como vimos, o paleontólogo já vai a campo sabendo o que procurar e onde. Especificamente, ele busca por locais com um tipo específico de rochas (chamadas sedimentares) e, para encontrá-las, ele conta não apenas com relatos de pessoas e suas próprias andanças, mas também com mapas e tecnologia.

Formação Curtis em Utah, nos Estados Unidos, é um exemplo de rocha sedimentar do período jurássico que está exposta
Formação Curtis em Utah, nos Estados Unidos, é um exemplo de rocha sedimentar do período jurássico que está exposta. Imagem: corlaffra / Shutterstock

Ainda que não exista uma rocha exposta, há também a possibilidade de se fazer uma escavação exploratória em locais com evidência desse material. Ao encontrar essa rocha, o pesquisador começará um processo de investigação para verificar se há (ou não) fóssil para ser retirado.

Uma vez que o fóssil é encontrado, inicia-se a próxima etapa: a coleta. Ao contrário do que a gente geralmente pensa, os paleontólogos não fazem toda a análise em campo. Pelo contrário, eles vão separar um pedaço dessa rocha para levá-la ao laboratório.

Para fazer isso, os profissionais criam uma margem de segurança e realizam a escavação do bloco de rocha. É aqui que eles se armam de furadores, martelos, cinzéis e outras ferramentas para desenterrar o fóssil. Assim que o material está semiexposto, é hora de proteger o bloco de rocha com um envoltório de gesso para transportá-lo.

Pesquisadores escavam um bloco de rocha com fóssil para transportá-la até o laboratório
Pesquisadores escavam um bloco de rocha com fóssil para transportá-la até o laboratório. Imagem: Rafael Happke / CAPPA (UFSM)

Como explicamos, é no laboratório que os pesquisadores vão efetivamente separar o fóssil da rocha. Inicialmente, eles começam pela parte superior e avançam de forma lenta e cuidadosa. A ideia é recolher o fóssil e não destruí-lo no processo. Para isso, eles aplicam uma resina sobre o fóssil, que entra no material e endurece-o, evitando sua quebra.

Sorte faz parte

O terceiro componente para encontrar um fóssil é a sorte. Em 2021, por exemplo, fósseis de dinossauros foram descobertos durante uma escavação de uma galeria de águas pluviais em São Paulo. No mesmo ano, mas em outra parte do Estado, foi a vez de encontrá-los na obra de uma rodovia. Se não fosse a intervenção humana na natureza, esses fósseis provavelmente não seriam encontrados.

Fonte: Revista Arco (UFSM) e Australian Museum.

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