Testes clínicos são de extrema importância quando um remédio é desenvolvido. O problema é o custo deste procedimento e a dificuldade de se achar pessoas qualificadas para essa fase, por isso esta etapa pode durar até sete anos e custar, em média, cerca de US$ 19 milhões. Como forma de resolver o problema, uma startup chamada Unlearn pretende criar uma máquina que é uma inteligência artificial para criar os “gêmeos digitais” dos participantes.
Pode não parecer, mas achar pessoas que se enquadrem nas características físicas da doença e de um determinado público-alvo é um grande desafio. Principalmente quando os medicamentos atingem estudos críticos do nível 3, que podem exigir centenas ou milhares de testes de uma mesma droga. O procedimento é feito comparando um tratamento experimental com um tratamento atual, ou com placebo, se não houver terapia padrão aprovada ou disponível.
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Os pacientes são divididos em dois grupos, os que tomam o remédio em teste e os que tomam placebo. Assim, o resultado é uma comparação entre as duas respostas. Na maioria das vezes, as pessoas que se inscrevem para este tipo de procedimento estão em fase terminal. Do lado ético há a responsabilidade de inscrever estes participantes em estudos e apenas lhe dar o tratamento já disponível, a fim de evitar aborrecimentos no futuro.
A ideia da Unlearn é criar uma simulação de software de algum sistema de mundo real, usada para prever como ele poderia dar algum problema e como se comporta ao longo dos anos. “As pessoas no setor de saúde acham que esse é um conceito da área de saúde, só porque contém a palavra gêmeo”, diz o CEO e fundador da Unlearn.ai, Charles Fisher.

Os gêmeos da Unlearn vão trazer dados históricos, do mundo real, sobre uma determinada doença e como ela progride atualmente. Depois tudo isso é colocado em um computador e criado simulações do que pode ocorrer com o paciente no futuro. Assim, se a pessoa receber o tratamento pela droga, o seu gêmeo digital será executado para saber o que teria acontecido com ele se não tivesse tomado o remédio.
Esta tecnologia está focada, atualmente, na doença do Alzheimer. Em 2019 foi publicado um artigo na revista “Nature Scientific Reports”, sobre gêmeos digitais que geraram – ao longo de 18 meses – dados sintéticos e detalhados sobre a progressão da doença. Este resultado era estatisticamente indiscutível comparado com dados reais.

Os novos modelos de gêmeos digitais serão validados por meio de um projeto híbrido de testes. Os participantes serão randomizados em um grupo de tratamento e um grupo de controle, porém, eles poderão ser reduzidos a um terço.
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