Falar sobre a importância da transformação digital a essa altura dos acontecimentos deveria ser algo banal, já assimilado por empresas e profissionais. Entretanto, mesmo com a proliferação de diferentes soluções e ferramentas no dia a dia, não são poucas as organizações que patinam em suas jornadas de digitalização.

O problema é que não há mais espaço para erros e testes atualmente. Quem não digitalizar seus processos e operações corre o sério risco de ficar para trás em seu segmento e até de “sumir do mapa”. Transformar-se digitalmente deixou de ser “modinha” há muito tempo. Agora é questão de vida ou morte.

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Isso ocorre justamente por conta das duas premissas básicas da jornada de transformação digital:

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1) Melhorar a experiência dos clientes;

2) Automatizar processos burocráticos para ganhar agilidade e eficiência.

Esses pilares são fundamentais para o sucesso de qualquer negócio nos dias de hoje.

Qualquer estratégia que não busque otimizar a produtividade dos profissionais e garantir mais satisfação aos consumidores já nasce fadada ao fracasso. A pessoa precisa sentir que sua experiência vai ser a melhor possível e que a empresa entende e compartilha seus interesses – o que só é possível quando se tem uma jornada digital, de fato, em andamento para resolver os problemas e proporcionar uma visão completa a todos os envolvidos.

Além disso, é necessário reconhecer que a transformação digital tem a capacidade de expandir a atuação, o público e até mesmo o negócio de uma organização. Quando bem-feita, oferece a possibilidade de criar novos produtos e acessar até novos mercados. Ou seja, é preciso se adaptar aos desafios que surgem pela frente. Essa é uma característica fundamental diante da digitalização.

O que se observa é justamente uma transferência de valor e de reputação de segmentos tradicionais para outros bem mais recentes. Diversos serviços foram criados nos últimos anos por corporações que souberam se adaptar e enxergar os ventos da mudança. O contrário também é válido: muitas sucumbiram pelo caminho, como a Kodak, que engavetou o projeto de câmera fotográfica digital para continuar com suas máquinas analógicas.

Evidentemente, não basta apenas ter boa vontade para aprofundar uma estratégia de transformação digital. Porém, diferentemente do que muitos pensam, também não se trata apenas de tecnologia. Aliás, esse é o grande desafio que o conceito enfrenta atualmente.

Toda jornada de transformação digital envolve também uma mudança cultural e, consequentemente, isso “mexe” com as pessoas que trabalham nas organizações. É preciso definir como fazer e interagir e ainda estabelecer os objetivos que irão guiar todo o planejamento. A transformação digital consiste em pequenas transformações diárias. Sem isso, trata-se apenas de utilizar ferramentas tecnológicas. 

Transformação digital
Transformação digital. Imagem: Miha Creative/Shutterstock

Para se ter uma ideia desse paradoxo que muitos gestores enfrentam em relação à transformação digital, basta analisar o levantamento conduzido pelo Instituto FSB Pesquisa. Ainda que sete em cada dez líderes empresariais admitam que o tema é totalmente relevante para os negócios em 2022, pouco mais de um terço deles (37%) reconhece que estão aptos a colocá-lo em prática.

Ou seja: os profissionais sabem o que precisam fazer, mas não sabem como executar. Isso é um problema gigantesco porque, no fim, representa perda de dinheiro: o investimento em tecnologias da informação no ambiente corporativo já corresponde a 8,7% da receita das empresas, segundo levantamento do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGVCia).

No fim das contas, a transformação digital possibilita repensar o próprio negócio e perceber como as tecnologias podem criar novas experiências ou automatizar vários processos. A pandemia de covid-19 deixou isso bem claro e serviu como teste para as empresas, mostrando quais estavam realmente preparadas ou não.

As organizações que já tinham se planejado antes conseguiram se adaptar rapidamente e até cresceram no período. Mas aquelas que tinham adiado esse movimento tiveram que correr e muitas sucumbiram pelo caminho mesmo com demanda alta em seus setores. Em um mundo onde as soluções tecnológicas ditam diferentes normas em nossas vidas, a transformação digital realmente virou uma questão de sobrevivência.

Rafael Cichini é CMO & Business Director da Squadra Digital

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