Uma pesquisa indicou que, por meio de telescópio aposentado Kepler, a NASA encontrou dois planetas “gêmeos” que podem ser constituídos basicamente de água.

Os exoplanetas foram nomeados Kepler-138c e Kepler-138d e orbitam uma estrela há 218 anos-luz da Terra, localizada na constelação Lyra. A descoberta veio após cientistas se intrigarem com dados do Kepler de 2014, resolvendo então revisitar os “gêmeos” com o Hubble e o aposentado Spitzer para tentar entender melhor sua constituição.

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“Inicialmente, pensamos que planetas que são mais largos que a Terra são grandes bolas de metal e rocha, como versões ampliadas da Terra, e é por isso que a chamávamos de super-Terras”, disse em pronunciamento Björn Benneke, astrofísico da Universidade de Montréal, no Canadá e coautor da nova pesquisa, publicada nesta quinta-feira (15) na Nature.

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“Contudo, temos mostrado que estes dois planetas, Keplers 138c e d, são um pouco diferentes em suas naturezas: uma grande fração de todos os seus respectivos volumes são compostos de água”, contou. “É a primeira vez que observamos planetas que podem ser certamente identificados como mundos aquáticos, um tipo de planeta que foi teorizado pelos astrônomos como real por um longo período.”

Certeza da existência de água? Ainda não

Apesar das novas evidências, os astrônomos ainda não têm total certeza de que esses planetas são essencialmente feitos de água – eles ainda não detectaram o líquido diretamente nos planetas.

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Porém, os pesquisadores puderam calcular a densidade de cada um dos “gêmeos”: Ambos têm cerca de três vezes o volume da Terra, mas apenas duas vezes sua massa, fazendo-os muito menos denso do que nosso planeta. O resultado foi uma surpresa, pois os cientistas imaginavam que eles fossem ligeiramente diferentes.

A baixa densidade sugeriu que bem mais da metade dos corpos são feitos de algo mais pesado do que o hidrogênio e o hélio, mas mais leve do que as rochas que eles esperavam encontrar, o que deixou a possibilidade de suas constituições serem de água uma verdadeira possibilidade.

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Os pesquisadores sugerem que os dois planetas podem ser parecidos com luas geladas do sistema solar exterior, que pode esconder um oceano de água líquida abaixo de casca de gelo e acima de um núcleo rochoso. Todavia, os mundos podem ser muito mais quente do que essas luas, com pouco gelo a ser encontrado.

“Imagine versões mais largas da Europa ou Encélado, as luas ricas em água orbitando Júpiter e Saturno, respectivamente, mas que trouxe para muito mais perto de sua estrela”, explicou Caroline Piaulet, estudante Ph.D. na Universidade de Montréal, e autora-chefe da pesquisa. “A temperatura nas atmosferas de Kepler-138c e Kepler 138-d são quase acima do ponto de evaporação da água e nós esperamos uma espessa e densa atmosfera feita de vapor em ambos os planetas.”

Apesar disso, há uma expectativa de que, abaixo de todo esse vapor, pode haver água líquida, ou até mesmo água tão quente e sob tanta pressão que tem a densidade de um líquido, mas flui como gás, estado este chamado de fluido supercrítico.

Outro exoplaneta encontrado

Os planetas exóticos não foram as únicas surpresas encontradas nos dados do Hubble e do Spitzer. Em 2014, os telescópios estavam buscando por três planetas em particular, com os “gêmeos” estando entre eles. Benneke estava particularmente interessado no mundo mais externo, Kepler-138d, levando às observações do Hubble e do Spitzer que ocorreram entre 2014 e 2016.

Os dados levaram a um quarto planeta, que poderia ser chamado de Kepler 138-e, um pequeno mundo orbitando a estrela a cada 38 dias a uma distância que poderia permitir a existência de água líquida em sua superfície, segundo os cientistas. Enquanto isso, Kepler 138-b e c orbitam a cada dez e 14 dias, respectivamente.

As observações adicionais também sugerem que Kepler 138b é do tamanho de Marte, o que poderia torná-lo um dos menores dentre os mais de cinco mil exoplanetas encontrados até hoje.

Os cientistas esperam que os planetas Kepler não sejam os últimos a oferecerem desafios como este. “Com nossos instrumentos e técnicas se tornando sensitivos o bastante para encontrar e estudar planetas que estão mais distantes de suas estrelas, talvez comecemos a encontrar muito mais mundos aquáticos como os Kepler”, afirmou Benneke.

Com informações de Space.com

Imagem destacada: ESA/Hubble, M. Kornmesser

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