No início deste mês, o Olhar Digital noticiou que o Telescópio Espacial James Webb (JWST) captou a estrela mais antiga já observada no universo. Chamada de Earendel, e também conhecida como WHL0137-LS, ela está tão distante que sua luz demorou mais de 12,9 bilhões de anos para chegar até aqui, motivo pelo qual seu brilho é extremamente fraco, tornando muito difícil sua detecção. 

WHL0137-LS ou Earendel, a estrela mais distante conhecida do universo, em uma captura do Telescópio Espacial James Webb. Imagem: NASA/ESA/CSA/STScI

Antes do mais novo e festejado observatório espacial em operação da NASA, um velho conhecido nosso já havia enxergado a longínqua estrela: o telescópio Hubble, aliás, foi o responsável por localizar Earendel pela primeira vez, em março deste ano.

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De acordo com um comunicado da NASA, ela vem dos primeiros quatro bilhões de anos após o Big Bang, o que a classifica como um remanescente da “infância” do universo.

Para encontrar esse tipo de estrela, os cientistas utilizaram as chamadas “lentes gravitacionais”, que ampliam o alcance dos telescópios, como o James Webb e o Hubble, e permitem uma visão maior daquilo que é visto, com riqueza de detalhes.

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De forma resumida, essa técnica aproveita de um “distúrbio” no tecido do tempo e do espaço, cujo efeito imediato é ampliar um objeto como se ele fosse visto através de uma lupa. Imagine que você joga uma pedra em uma piscina cheia d’água em um dia de muito Sol: as ondas causadas pelo impacto da pedra concentram a luz do Sol para maximizar o brilho vindo do fundo da piscina, facilitando você enxergá-lo com mais detalhe mesmo estando fora dela.

No caso em questão, a estrela só pôde ser observada graças a um agrupamento de galáxias (WHL0137-08) posicionado entre ela e a Terra. A distorção causada por ele gerou esse efeito de lupa, ampliando grandemente a luminosidade do objeto que estava por trás: Earendel.

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Uma ou duas estrelas?

Agora, um novo artigo, divulgado no servidor de pré-impressão arxiv e aguardando a revisão por pares para publicação no The Astrophysical Journal, traz novos detalhes sobre esse astro.

Conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores liderados por Brian Welch, estudante de Doutorado em Astronomia na Universidade Johns Hopkins responsável por ter descoberto Earendel, ela provavelmente não está sozinha.

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“Aqui apresentamos imagens de Earendel feitas com o instrumento Near Infrared Camera (NIRCam) do Telescópio Espacial James Webb (JWST) em 8 filtros. Nestas imagens de maior resolução, ela continua sendo um ponto de única fonte não resolvida na curva crítica de lente gravitacional. Essas novas observações reforçam a conclusão de que Earendel é melhor explicado por uma estrela individual ou pode ser um sistema de estrelas múltiplas”, escreveram os cientistas na apresentação do artigo. 

Isso quer dizer que é possível que Earendel tenha uma estrela companheira. No entanto, elas não teriam a mesma temperatura, sendo uma aproximadamente três vezes mais quente do que a outra.

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“Permitir duas estrelas com temperaturas diferentes pode render melhores ajustes à fotometria em detrimento do aumento dos parâmetros livres, levando a temperaturas não únicas e adequadas de 29.700°C e 9.900ºC para os componentes mais quentes e mais frios, respectivamente”, explicou Welch.

Ele diz ainda que a nova imagem também confirma a estimativa fotométrica anterior do desvio vermelho de 6.2, solidificando a interpretação de Earendel como uma fonte estelar nos primeiros bilhões de anos do universo. 

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