Depois da repercussão gerada pela animação que mostrou fileiras de bebês sendo gerados dentro de úteros artificias – um cenário “distópico” e bem parecido com o descrito no livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley – no vídeo viral, aparece uma instalação fictícia chamada EctoLife, que promete ser uma solução para, por exemplo, pacientes com câncer que precisam ter seus úteros removidos. 

Segundo o material de divulgação, além de reduzir possíveis complicações gestacionais, a plataforma seria uma ferramenta útil para países que experimentam o declínio populacional, como Japão, Bulgária e Coreia do Sul. Tudo isso não passa de

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Mas será que isso poderia ser legalizado? Isso claro em um cenário hipotético onde a tecnologia seria viável. Para o advogado Leandro Alvarenga, comentarista do Olhar Digital, isso geraria uma série de questões éticas.

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Alvarenga destacou que além da parte técnica há também outras questões que envolvem a realização desse tipo de empreitada, como as de cunho moral, religioso e ético. E, para ele, o pesa no campo da ética é que a proposta apresentada no vídeo foi de que os pais tivessem a possibilidade de escolher características físicas das crianças geradas. “Isso passa a interferir na formação genética das pessoas e pode favorecer a criação de castas na sociedade”, comentou.

Assista a entrevista completa:

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Essa situação de gerar crianças geneticamente modificadas, deixaria esses novos indivíduos muito mais próximos do conceito criado socialmente de “perfeição”. Ao considerar as circunstâncias necessárias para que essas mudanças aconteçam, como o fato de não se tratar de um procedimento que provavelmente estará disponível universalmente, ou seja, as pessoas terão de pagar por ele, então, aqueles que não dispõem de valor monetário suficiente para “adequar” a sua prole seriam socialmente excluídos.

Novo recurso tecnológico poderia acentuar desigualdades

A partir disso, seria comum observar o aumento dos preconceitos contra as crianças diferentes daquelas que estão dentro de um determinado “padrão”, produzido por esse novo recurso tecnológico. Essa discriminação já é algo presente dentro da sociedade atual, porém ela ocorre majoritariamente com crianças que apresentam alguma condição que as desviam do que é considerado “normal”.

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“Nós temos que tomar muito cuidado para que não se criem essas dissonâncias que favoreçam a discriminação”, comentou o advogado.

Leandro Alvarenga, em entrevista para o Olhar Digital

O profissional também apontou pontos positivos que essa nova tecnologia pode trazer, como a extinção dos problemas relacionados com pessoas que contratam barrigas de aluguel; a redução nos riscos de problemas genéticos; e, por fim, a diminuição dos riscos para as mulheres durante a gestação. Alvarenga admite que esse “é um tema muito polêmico”, pois “ele foge um pouco do direito e vai para uma questão ideológica, religiosa”, o que exige um debate mais detalhado sobre o assunto.

Além disso, ao citar o papel da tecnologia nesse ínterim, o advogado foi categórico quando afirmou que “a tecnologia sempre refletiu o que a sociedade quer”, então, cabe a sociedade ajudar a definir os rumos e o uso que esse novo aparato terá dentro dela.

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