A Roblox, produtora do jogo de nome homônimo, passou dois anos para criar experiência de seleção de pessoal completamente nova. O candidato a ingressar na empresa – que possui 58 milhões de usuários ativos diariamente – participa de espécie de game virtual.
A ideia veio dos líderes da companhia que buscam estudantes de TI que estejam pensando “fora da caixinha”, sem seguir a padronização dos cursos da área.
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Em entrevista à Fast Company, Ritti Bhogal, aluna da Universidade de Nova York, se disse surpresa quando percebeu que o teste “era um jogo” e que não envolveria programação, além de que seria realizado dentro da própria plataforma do Roblox.
“Me vi usando as mesmas habilidades que uso para fazer programação, o que é meio bizarro, porque era um contexto completamente diferente”, afirmou a estudante.
Recessão? Não na Roblox
Ultimamente, temos visto verdadeira debandada de profissionais de TI, com demissões em massa no Twitter, Amazon, entre outras. Porém, a situação financeira não parece ser a mesma na Roblox, que vem agindo na contramão deste padrão atual no setor.
Esta atitude vem em boa hora, pois a quantidade de profissionais com boas qualificações disponíveis no mercado aumentou com com as demissões (o Twitter é um bom exemplo, após milhões de cortes promovidos por Elon Musk no mundo todo, incluindo talentos primordiais à rede social).
Porém, para colher os melhores profissionais que o mercado tem a oferecer, a plataforma de jogos resolveu investir em formatos de avaliação de pessoas que contrastem com o viés e a ineficiência em seu processo seletivo original.
Para a empresa, isso elimina a subjetividade dos cargos de nível básico que disponibiliza, o que pensa ser essencial para ajudá-la na montagem de grupo de trabalho difuso. “Queríamos um processo seletivo que combinasse o conceito de teste e de jogo”, explicou Jack Buckley, vice-presidente de ciências humanas da Roblox.
Normalmente, graduandos em Ciência da Computação têm noção do que virá em um teste normal (programação de algum tipo de software, ou algo até mais simples), o que não se repete quando o teste se trata de um jogo e que exigirá mais do candidato.
Os líderes da Roblox querem exatamente isso, ou seja, selecionar estudantes que transitem fora de sua zona de conforto, fora dos moldes de sua área de atuação.
Como funciona o teste da Roblox
A equipe de Buckley criou lista de 15 habilidades essenciais. Para eles, um teste cognitivo poderia medir melhor a “resolução criativa de problemas” e o “pensamento sistêmico”.
A seguir, a lista foi encaminhada ao principal designer de games da empresa, de modo a incorporá-las nas fases do “processo seletivo gamer”.
O candidato começa a ser avaliado por meio de sua capacidade de construir a maior quantidade possível de robôs que eliminem determinados obstáculos. Isso testa sua maneira de resolver problemas de forma criativa.
Na sequência, vem a avaliação do pensamento sistêmico, de modo que os candidatos precisam concluir um “teste de patógeno”, onde determina quais animais de determinado grupo tem maior probabilidade de contrair doenças.
Os candidatos recebem nota pelas decisões que tomam logo que concluem a tarefa. É necessário obter pontuação mínima no teste cognitivo. Porém, para equilibrar a pontuação com o teste de programação, é usado um algoritmo.
“Não contratamos pessoas que só são boas em uma coisa, o que quer dizer que temos que descobrir quando medir o que em todas as fases do processo seletivo”, detalhou Buckley. O vice-presidente de ciências humanas afirmou ainda que o teste cognitivo – ativo desde o ano passado – é, ao mesmo tempo, “o melhor teste” já feito e “o pior jogo” já jogado.
Candidato aprovado, mais testes e técnicas analisadas
Uma vez aprovado no game, o candidato passa por avaliações técnicas e entrevistas, fase na qual entram outras habilidades. “Não é fácil medir empatia e habilidade de comunicação em um jogo”, admitiu Buckley. “É muito mais barato e fácil de avaliar essas características em uma conversa.”
Resultados até o momento
O teste elaborado pela Roblox se baseia nas características cognitivas de funcionários bem-sucedidos, ao invés de avaliar candidatos com base em sua identidade ou por diplomas acadêmicos.
Por ora, a empresa está satisfeita com os resultados obtidos. A porcentagem de estudantes que vieram de universidades mais elitizadas caiu de 68% para 52%, enquanto que os de universidades menos prestigiadas subiu de 32% para 48%. Contudo, a Roblox não deixou claro se as mudanças percentuais são graças ao novo formato de seleção ou se isso impactou a diversidade.
Com informações de Fast Company Brasil
Imagem destacada: Shutterstock
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