Uma misteriosa onda de choque em uma rajada de vento solar enviou barragem de material em alta velocidade que se chocou com o campo eletromagnético da Terra, abrindo uma rachadura na magnetosfera. A barragem de plasma poderia até ter causado tempestade geomagnética nesta segunda-feira (19).

As origens da onda de choque não são exatamente conhecidas, mas os cientistas acham que pode ter vindo de ejeção de massa coronal lançada pela mancha solar AR3165, região efervescente na superfície do Sol que liberou enxurrada de pelo menos oito erupções solares em 14 de dezembro, causando um breve blecaute de rádio sobre o Oceano Atlântico.

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Manchas solares são áreas na superfície do sol onde campos magnéticos poderosos, criados pelo fluxo de cargas elétricas, se entrelaçam antes de se romperem repentinamente.

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A liberação resultante de energia lança rajadas de radiação chamadas explosões solares, ou plumas de material solar chamadas ejeções de massa coronal. Uma vez lançadas, as ejeções viajam a velocidades de milhões de quilômetros por hora, varrendo partículas carregadas do vento solar para formar gigantesca frente de onda combinada que, se apontada para a Terra, pode desencadear tempestades geomagnéticas.

As tempestades geomagnéticas ocorrem quando detritos solares energéticos (principalmente consistindo de elétrons, prótons e partículas alfa) são absorvidos e subsequentemente comprimem o campo magnético da Terra.

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As partículas solares atravessam a atmosfera perto dos polos onde o campo magnético protetor da Terra é mais fraco e agitam as moléculas de oxigênio e nitrogênio – fazendo com que liberem energia na forma de luz para formar auroras coloridas, como as luzes do norte.

As tempestades também podem criar rachaduras na magnetosfera que permanecem abertas por horas a fio, permitindo que algum material solar flua e interrompa satélites, comunicações de rádio e sistemas de energia.

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Imagem: NASA/SDO

Felizmente, a tempestade foi bastante fraca. Pode causar pequenas flutuações nas redes elétricas e prejudicar algumas funções do satélite – incluindo as de dispositivos móveis e sistemas de GPS. Também pode causar o aparecimento de aurora tão ao sul quanto Michigan e Maine, ambos nos EUA.

Tempestades geomagnéticas mais extremas, no entanto, podem ter efeitos muito mais sérios. Eles podem não apenas distorcer o campo magnético do nosso planeta com força suficiente para enviar satélites para a Terra, mas também podem interromper os sistemas elétricos e até mesmo prejudicar a internet.

A última tempestade é apenas a mais recente de uma série de ataques solares disparados contra a Terra, à medida que o Sol entra na fase mais ativa de seu ciclo solar de aproximadamente 11 anos.

Os astrônomos sabem desde 1775 que a atividade solar aumenta e diminui em ciclos, mas, recentemente, o Sol tem estado mais ativo do que o esperado, com quase o dobro do aparecimento de manchas solares previsto pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (ANOA).

Os cientistas anteciparam que a atividade do Sol aumentará constantemente nos próximos anos, atingindo máximo geral em 2025 antes de diminuir novamente. A maior tempestade solar da história recente foi o Evento Carrington, de 1859, que liberou aproximadamente a mesma energia que dez bilhões de bombas atômicas de um megaton.

Depois de atingir a Terra, o poderoso fluxo de partículas solares fritou os sistemas telegráficos em todo o mundo e fez com que auroras mais brilhantes do que a luz da lua cheia aparecessem no sul do Caribe.

Se um evento semelhante acontecesse hoje, os cientistas alertam que causaria trilhões de dólares em danos, desencadearia blecautes generalizados e colocaria em risco milhares de vidas. Uma tempestade solar anterior em 1989 liberou nuvem de gás de bilhões de toneladas que causou um apagão em toda a província canadense de Quebec, informou a NASA.

Mas isso pode nem arranhar a superfície do que nossa estrela é capaz de lançar contra a Terra. Os cientistas também estão investigando a causa de série de picos súbitos e colossais nos níveis de radiação registrados em anéis de árvores antigas ao longo da história da Terra.

Uma teoria importante é que os picos podem ter vindo de tempestades solares 80 vezes mais poderosas que o Evento Carrington, mas os cientistas ainda precisam descartar alguma outra fonte cósmica potencialmente desconhecida.

Via Space.com

Imagem destacada: NASA/SDO

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