O Telescópio Espacial James Webb (JWST) capturou, pela primeira vez, imagens de galáxias com barras estelares, iguais às da Via Láctea, que se estendem de seus núcleos para seus discos externos, de uma época em que o Universo tinha apenas 25% de sua idade atual. Para os astrofísicos, essa nova descoberta pode redefinir as teorias de evolução desses fenômenos.

Segundo o site Phys, o Telescópio Espacial Hubble nunca conseguiu captar esse tipo de característica em galáxias de épocas tão remotas. A galáxia EGS-23205, registrada pelo Hubble, é pouco mais do que uma mancha em forma de disco; já para James Webb, a imagem da mesma galáxia mostra um belo aglomerado de estrelas em espiral com uma barra estelar bem clara.

Montagem de imagens do telescópio James Webb mostrando seis exemplos de galáxias barradas, duas das quais representam os maiores tempos de retrospectiva quantitativamente identificados e caracterizados até o momento. Os rótulos no canto superior esquerdo de cada figura mostram o tempo de retrospectiva de cada galáxia, variando de 8,4 a 11 bilhões de anos atrás, quando o Universo tinha apenas de 40% a 20% de sua idade atual. Crédito: NASA/CEERS/Universidade do Texas em Austin

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Webb conseguiu revelar essas estruturas em galáxias distantes melhor do que o Hubble por duas razões:

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  • seu espelho maior lhe dá mais capacidade de coleta de luz, permitindo que ele veja mais longe e com maior resolução;
  • ele enxerga melhor através da poeira, pois capta comprimentos de onda infravermelhos mais longos do que o Hubble.

A professora de astronomia da Universidade do Texas, em Austin, Shardha Jogee, ficou impressionada com a capacidade que o JWST tem de registrar estruturas subjacentes nas galáxias. A equipe também identificou outra galáxia barrada, a EGS-24268, de aproximadamente 11 bilhões de anos atrás, o que torna as duas galáxias com barras as mais longínquas no tempo do que qualquer outra descoberta anteriormente.

Vídeo mostra como as barras estelares se formam. Reprodução: Science X: Phys.org, Medical Xpress, Tech Xplore/YouTube

De acordo com o estudante de pós-graduação que liderou o estudo, Yuchen “Kay” Guo, tudo é novidade. “É como entrar em uma floresta que ninguém nunca entrou.”

Segundo o autor da pesquisa, hospedada no servidor de pré-impressão arXiv e já aceita para publicação pelo Astrophysical Journal Letters, as barras desempenham um papel importante na evolução das galáxias, pois elas canalizam gás para as regiões centrais e aumentam a taxa de formação de estrelas.

As barras das galáxias funcionam como meio de transporte

Jogee explicou que as barras estelares atuam como um transportador, pois “levam o gás para a região central, onde é rapidamente convertido em novas estrelas a uma taxa tipicamente 10 a 100 vezes mais rápida do que no resto da galáxia”. Além disso, as barras também ajudam no cultivo de buracos negros supermassivos nos centros das galáxias.

“Esta descoberta de barras primitivas significa que os modelos de evolução de galáxias agora têm um novo caminho através de barras para acelerar a produção de novas estrelas em épocas iniciais”, disse Jogee. Agora, a equipe testará diferentes modelos em seus próximos estudos sobre evolução de galáxias e incluirá as barras estelares nesses testes.

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