Em maio de 2022, o rover Zhurong, da China, entrou em modo de hibernação para enfrentar melhor as tempestades de areia típicas do rigoroso inverno que se aproximava em Marte. No entanto, era para o equipamento ter despertado do sono profundo em dezembro, e isso não aconteceu – o que vem preocupando os cientistas responsáveis.

Rover Zhurong em Marte
Em razão do rigoroso inverno que se anunciava em Marte, com ocorrência de fortes tempestades de areia, o rover Zhurong foi colocado para dormir em maio de 2022, com previsão de despertar em dezembro – o que não ocorreu. Crédito: CNSA/Divulgação

Segundo informantes anônimos ouvidos pelo jornal South China Morning Post, as equipes estão lutando para descobrir o que pode ter provocado o problema de religamento, mas “provavelmente as tempestades de areia enfraqueceram seriamente a capacidade de Zhurong de usar seus painéis solares para gerar energia”, disse uma fonte baseada em Xichang, na província de Sichuan, no sudoeste do país.

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Essas fontes afirmaram que as autoridades espaciais chinesas planejam enviar a sonda Tianwen-1 – agora circulando Marte em uma órbita elíptica – para tirar fotos do rover, que fica ao sul de seu local de pouso em uma grande planície conhecida como Utopia Planitia.

No entanto, um informante de Pequim disse que o controle terrestre encontrou dificuldades ao baixar os dados mais recentes da sonda em órbita, que está equipada com duas câmeras.

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Previa-se que Zhurong retomaria as operações por volta de 26 de dezembro, quando o hemisfério norte do planeta entrasse em sua temporada de primavera e as condições ambientais melhorassem.

De acordo com Jia Yang, vice-projetista-chefe da missão Tianwen-1, o rover é projetado para acordar automaticamente quando duas condições são atendidas: seu nível de potência deve atingir 140 watts e a temperatura dos principais componentes, incluindo baterias, deve exceder menos 15 graus Celsius.

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Os cientistas esperavam que, depois de acordar, Zhurong continuasse seguindo para o sul, para visitar um lugar que se acredita ter sido a localização de um antigo oceano.

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Saiba mais sobre o rover chinês Zhurong e sua missão em Marte

Zhurong e o módulo de pouso Tianwen-1 pousaram com sucesso em Marte em maio de 2021, como parte da primeira missão independente da China ao Planeta Vermelho, tornando-se o único país além dos EUA a ter atingido esse objetivo.

O rover chinês foi projetado para ter uma vida útil de três meses, mas, por enquanto, permaneceu operacional por apenas um ano (até a hibernação), tendo viajado quase 2 km inspecionando o terreno. 

Seu radar de penetração no solo permitiu que os cientistas encontrassem evidências de dois grandes eventos de inundação que se acredita terem ocorrido há milhões de anos.

Zhurong dependia completamente da energia solar, e seus quatro painéis solares em forma de borboleta foram projetados para resistir à poeira. No entanto, o rover pode ter sucumbido às partículas de poeira durante as famosas tempestades de areia do planeta.

“A partir de uma selfie tirada dias após o pouso de Zhurong em 2021, podemos ver que seus painéis solares eram muito limpos naquela época. No entanto, fotos tiradas em janeiro seguinte já mostravam os painéis revestidos com uma camada de poeira”, disse a fonte baseada em Xichang. “Não é difícil imaginar que, depois de uma dura temporada de tempestades de areia, Zhurong esteja agora provavelmente toda coberta pela poeira marciana avermelhada”.

Para piorar a situação, a radiação solar durante o inverno também caiu para um nível baixo, dificultando ainda mais o fornecimento de energia do rover.

Apesar disso tudo, Zhurong completou todas as tarefas que se esperava que fizesse, e a missão Tianwen-1 a Marte foi declarada um sucesso pela Administração Espacial Nacional da China em junho de 2021. Isso significa que, mesmo que, infelizmente, o rover nunca mais volte a funcionar, ele já nos trouxe muita ciência marciana.

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