O inspetor-geral da NASA, Paul Martin, diz que a agência precisa fazer melhor trabalho de coordenação de parcerias internacionais da missão Artemis e superar obstáculos, como controle de exportação.

Um relatório de terça-feira (17) do Gabinete do Inspetor-Geral (GIG) encontrou fortes interesses internacionais na Artemis, o qual a NASA pode usar para reduzir o custo total dos esforços para levar os humanos de volta à Lua.

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Este interesse, segundo o relatório, é evidente por meio de contribuições que alguns países estão realizando com as missões Artemis, bem como via o Acordo da Artemis, assinado por 23 nações e delineando melhores práticas para uma exploração espacial sustentável.

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“Dado o potencial científico e exploratício que a Lua e Marte têm, a missão Artemis atraiu significante interesse das agências espaciais ao redor do mundo”, reforça o relatório.

É interessante observar que, em outubro de 2022, a NASA assinou 54 acordos relacionados à Artemis com outras agências espaciais e governos. 23 deles foram em conluio com a Agência Espacial Europeia (ESA) e a JAXA, a agência japonesa, enquanto os demais foram assinados com outros 14 países.

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Contudo, o relatório indica que a coordenação desses acordos foi feito de forma improvisada, com base em nenhuma “estratégia abrangente” para gerenciar requerimentos e expectativas. “A falta de uma aproximação coordenada faz ser difícil para a NASA gerenciar expectativas a respeito de uma contribuição de um colaborador internacional em potencial e cria confusão sobre o que eles deveriam contribuir”, concluiu o GIG.

O relatório realizou um contraste com o gerenciamento com a Estação Espacial Internacional (ISS), que tem estrutura detalhada de painéis para coordenar as funções dos parceiros internacionais, gerenciado por um acordo governamental ou um IGA (Intergovernamental Agreement, ou Acordo Intergovernamental, em tradução livre).

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Enquanto o IGA da ISS está sendo usado para gerenciar contribuições para o acesso à Lua, tanto a NASA como seus parceiros concordam que este acordo não pode ser estendido para atividades adicionais da Artemis.

Um maior desafio à cooperação internacional que apareceu no relatório é o controle de exportação. O GIG afirmou que a implementação dos controles de exportação dos EUA “rotineiramente limita as colaborações com a Artemis com parceiros internacionais e inibe futuras colaborações”.

Um exemplo é que as regulações do controle de exportação torna difícil para os astronautas dos parceiros da NASA de participarem de projetos relacionados à Artemis, exceto quando formalmente convidados para uma missão. O relatório notou ainda que a JAXA não enviou nenhum astronauta à Central Espacial Johnson para prepará-los para as missões à Lua por conta do acesso limitado de dados, mesmo com esta missão sendo um programa multinacional e com contribuições japonesas.

A NASA está, ainda, sendo prejudicada por confusa rede de diferentes regulações de controle de exportação que regem os componentes que recaem sobre a Administração de Regulação de Exportação (ARE) supervisionado pelo Departamento de Comércio e o mais restritivo Regulamento de Tráfico Internacional de Armas (ITAR) supervisionado pelo Departamento de Estado.

Cápsula Orion
Artemis 1: cápsula Orion quebra recorde de voo da Apollo 13 (Imagem: NASA)

Em um exemplo, tanto o módulo de serviço europeu para a espaçonave Orion quanto um adaptador para conectá-lo ao módulo de tripulação da Orion são classificados separadamente como EAR. Mas, quando o módulo de serviço e o adaptador são combinados, o hardware se enquadra no ITAR.

Apesar desses desafios, o relatório do OIG concluiu que havia benefícios de custo para parcerias internacionais no Artemis, citando estudo da Aerospace Corporation que descobriu que os projetos da NASA com contribuições internacionais tiveram menos crescimento de custo do que aqueles sem tais parcerias.

O relatório concluiu que a NASA deveria fazer mais para aproveitar o compartilhamento de custos, descobrindo que apenas 6% dos custos das três primeiras missões Artemis recairão sobre parceiros internacionais, contra 25% dos custos para operar o segmento americano da ISS. “Com o atual perfil orçamentário da NASA projetando US$ 93 bilhões em custos da Artemis entre os anos fiscais de 2012 e 2025, uma participação mais eficaz de parceiros internacionais e estratégias de gerenciamento de custos posicionariam melhor a NASA para atingir seus objetivos de longo prazo da Artemis.”

O relatório fez dez recomendações à NASA sobre maneiras de melhorar a coordenação com parceiros internacionais no Artemis, incluindo mudanças no controle de exportação.

A NASA aceitou todos eles, exceto um que pedia “análise detalhada de lacunas e estimativa de custo” para missões além da Artemis 4, dizendo em resposta incluída no relatório que o esforço geral da Artemis não foi “limitado de forma a acomodar a realização de estimativa de custo defensável em campanha de várias décadas”.

O OIG divulgou o relatório no mesmo dia de uma reunião do Conselho Consultivo da NASA, que inclui a colaboração internacional como uma de suas “áreas de foco prioritário”. Os membros do comitê não discutiram o relatório na reunião e geralmente elogiaram a NASA por seus esforços para trazer parceiros internacionais para a Artemis.

“O objetivo da Artemis é ser a maior coalizão de parceiros espaciais da história”, disse Kay Bailey Hutchison, ex-senadora e embaixadora dos EUA na OTAN. “Todo o trabalho que está sendo feito vai tornar isso uma realidade.”

Função de gateway dos Emirados Árabes Unidos

O relatório do GIG também parecia confirmar indiretamente um papel dos Emirados Árabes no Portal lunar. Funcionários da NASA dizem há meses que estão em negociações com um país não identificado para fornecer um módulo de eclusa de ar para o projeto, contribuição originalmente atribuída à Rússia antes que o país optasse por não participar do esforço.

Um relatório de dezembro do The National, publicação dos Emirados Árabes, afirmou que a Boeing estava “trabalhando ativamente” com o governo dos Emirados Árabes no projeto de eclusa de ar para o projeto. Nem a NASA, nem o governo dos Emirados Árabes confirmaram essas discussões.

O relatório do GIG também afirmou que a NASA estava em negociações com um “parceiro internacional” não identificado para fornecer módulo de eclusa de ar para o projeto para lançamento no final desta década.

Em outra tabela do relatório listando várias parcerias internacionais, a Agência Espacial dos Emirados Árabes é identificada como oferecendo “contribuições potenciais” para o projeto, designação dada a nenhuma outra agência. Em apêndice do relatório, a Agência Espacial dos Emirados Árabes listou a “produção de eclusas” como capacidade emergente.

Com informações de Space News

Imagem destacada: NASA

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