O Mal de Alzheimer é uma doença corriqueira e que não tem cura. Sendo assim, a melhor maneira de tratá-la é por meio da prevenção – o que é feito com atividades físicas, dieta saudável e vigiando fatores de risco, como diabetes e pressão alta.

Outro fator agravante são infecções virais. Vírus que causam herpes labial e zoster, varicela e Covid-19 podem trazer mais propensão ao Alzheimer e à demência uma vez infectado.

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A descoberta de como e quando eles contribuem para doenças é uma maneira de poder ajudar os pesquisadores na prevenção da demência. Contudo, eles não puderam detectar consistentemente os vírus suspeitos em cérebros de mortos pelo Alzheimer: eles desaparecem.

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Pesquisadores entendem que os vírus agem de forma precoce e silenciosa, já que o Alzheimer tem a capacidade de se desenvolver muito tempo antes de os sintomas surgirem. Em tese, eles desencadeiam eventos que levam posteriormente à demência.

Em pesquisa recém-publicada, cientistas usaram nova tecnologia que procura os rastros dos vírus em enfermos com Alzheimer. Analisando o nariz, eles puderam encontrar rede genética que trouxe resposta viral robusta. A análise se concentrou no nariz por este ser o caminho mais fácil e vulnerável até o cérebro.

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Muitos desses vírus que implicam na demência entram no nariz e interagem com ele. Eles, então, se ligam a células receptoras olfativas específicas no tecido que reveste a cavidade nasal e que enviam mensagem ao hipocampo, área do cérebro que cuida do aprendizado e da memória.

O hipocampo também atribui sentimentos aos odores que sentimos (como um sinal de perigo ao sentir o cheiro de propano). E é justamente essa área do cérebro que sofre bastante quando afetada pelo Alzheimer. Além disso, entre 85% e 90% dos enfermos que perdem o olfato o identificam como sinal precoce da doença.

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A hipótese é que as infecções virais ao longo da vida contribuem para o Alzheimer, e preveni-las pode ajudar a diminuir a chance de desenvolver a doença.

O corpo usa sequências específicas de mRNA para produzir rede de proteínas usadas para combater certos vírus. Em alguns casos, o corpo continua a ativar essas vias mesmo depois que o vírus é eliminado, levando à inflamação crônica e a danos no tecido.

Identificar quais sequências de mRNA e redes de proteínas estão presentes pode permitir inferir, até certo ponto, se o corpo está ou estava respondendo a um patógeno viral em algum momento.

Os pesquisadores sequenciaram o mRNA do bulbo olfativo e amostras do trato olfativo de seis pessoas com Alzheimer familiar, uma forma hereditária da doença, e seis pessoas sem Alzheimer.

Nas amostras de Alzheimer familiar, encontraram expressão gênica alterada, indicando sinais de infecção viral passada no bulbo olfativo, bem como respostas imunes inflamatórias no trato olfativo. Também encontraram níveis mais elevados de proteínas envolvidas na desmielinização no trato olfativo de amostras de pacientes com a doença do que no grupo controle.

A mielina é uma camada gordurosa protetora em torno dos nervos que permite que os impulsos elétricos se movam rápida e suavemente de uma área do cérebro para outra. Danos à mielina bloqueiam a transdução do sinal, resultando em comunicação neural prejudicada e neurodegeneração.

Com base nesses achados, eles levantaram a hipótese de que infecções virais e a inflamação e desmielinização resultantes no sistema olfativo podem interromper a função do hipocampo, prejudicando a comunicação do bulbo olfativo. Esse cenário pode contribuir para a neurodegeneração acelerada observada no Mal de Alzheimer.

Dados epidemiológicos suportam o papel das infecções virais no desenvolvimento do Alzheimer. Estudos sugerem que a vacinação pode ser uma medida potencial para prevenir a demência. Por exemplo, a vacinação contra o vírus da gripe sazonal e o herpes zoster está associada a uma redução de 29% e 30% no risco de desenvolver demência, respectivamente.

Pesquisas adicionais investigando como as infecções virais podem desencadear a neurodegeneração podem ajudar no desenvolvimento de medicamentos antivirais e vacinas contra os vírus que estão ligados ao Alzheimer.

Via Fast Company Brasil

Imagem destacada: Green Apple/ Shutterstock

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