Com as mudanças climáticas se intensificando, a conscientização sobre os impactos ambientais em nossa rotina vem aumentando. Estamos refletindo mais sobre onde vamos passar férias, como vamos nos deslocar e o que vamos comer. A origem e o processo de produção daquilo que consumimos também vêm sendo observados com mais atenção. 

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Uma forma de medir os impactos de cada atividade é através de uma “matemática do clima”. Em outras palavras, trata-se de medir o quanto de carbono as nossas escolhas estão gerando. No entanto, uma mesma viagem ou atividade que você realiza pode gerar emissões de carbono diferentes. A variação tem a ver com a fonte – ou calculadora – online que você está usando. 
 
A ciência ainda debate como estimar com precisão o impacto de cada ação. E enquanto essa matemática é resolvida, algumas indústrias questionam as estimativas de emissão de carbono, argumentando que elas são injustas. 

Mas e o Google? 

  • O Google liderou grandes empresas de tecnologia na tentativa de informar os internautas sobre a sua possível pegada de carbono. Mas diversos setores – como companhias aéreas, agronegócio e indústrias – reagiram, dizendo que os incentivos do buscador podem prejudicar suas vendas. Elas exigem que o Google repense a forma de calcular e apresentar os dados de emissões.  
  • Em 2020, a empresa estabeleceu publicamente uma meta para ajudar 1 bilhão de pessoas a fazerem escolhas sustentáveis por meio dos seus serviços até o final de 2022. A ideia levou a vários novos recursos em mapas, voos e pesquisas. O ano passado trouxe um recorde de pesquisas no Google sobre energia solar e veículos elétricos, por exemplo. 
  • No entanto, a diretora de sustentabilidade do Google, Kate Brandt, reconhece que a missão de informar os usuários sobre escolhas menos intensivas em emissões é um trabalho em andamento: “Estamos vendo pessoas querendo informações, mas não sabem quais são as escolhas mais significativas que podem fazer”, disse ela ao portal The Wired. “Os dados vão continuar mudando e melhorando. Não são estáticos”. Brandt se recusou a adiantar se o Google atingiu sua meta de ajudar 1 bilhão de pessoas até o final de 2022, mas afirmou que a empresa planeja mostrar o progresso em seu relatório ambiental anual, que deve ser divulgado neste ano. 

Google vs companhias aéreas 

De alguns meses para cá, o Google revisou os dados apresentados sobre a emissão de carbono no setor aéreo. Apesar da pressão de empresas, o buscador fala que tomou a decisão de forma independente. 

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Embora algumas companhias aéreas apoiem a rotulagem de emissões como um conceito, elas não estão satisfeitas com o Google – mesmo depois da revisão das estimativas. A National Air Carrier Association, que representa companhias aéreas americanas de baixo custo, afirma que alguns de seus membros pressionaram pela redução que o Google introduziu em julho, mas que continuam de olho no que vem a seguir.  

Os grupos comerciais Airlines for Europe, European Regions Airline Association (ERA) e Airlines for America dizem que os cálculos precisam levar em consideração fatores adicionais, incluindo o uso sustentável de combustível de companhias aéreas individuais e compras de compensação.  

A ERA argumenta, ainda, que o modelo atual do Google inevitavelmente favorecerá companhias aéreas de baixo custo e aeronaves maiores. Ao mesmo tempo, poderá enganar os consumidores quanto à opção menos poluente. 

Google vs agro 

Críticas semelhantes vieram da indústria da carne desde que o Google anunciou em setembro planos para mostrar um gráfico de emissões de diferentes proteínas. A empresa diz ter visto o interesse do usuário em entender as escolhas alimentares.  

O Google trabalhou com a ONU para extrair dados sobre carnes populares e proteínas alternativas de um estudo global realizado por pesquisadores europeus. 

A US National Cattlemen’s Beef Association (associação de criadores de gado dos Estados Unidos) não é uma grande entusiasta da ideia. Em comunicado à imprensa, a entidade denunciou “a decisão do Google de influenciar os consumidores contra a carne bovina por meio de seu novo recurso de pesquisa de sustentabilidade que fornece informações climáticas imprecisas sobre a produção de gado”.   

Um porta-voz do grupo industrial britânico Agriculture and Horticulture Development Board (conselho de desenvolvimento de agricultura e horticultura) diz que listar apenas os impactos das emissões não é suficiente, porque a sustentabilidade geral e o impacto ambiental dos alimentos também dependem de outros fatores, como preservação da biodiversidade e poluição por pesticidas. 

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