Os neandertais são uma das espécies de hominídeos mais próximas do homo sapiens e conviveram durante algum tempo com nós até serem extintos a cerca de 28 mil anos atrás, história parecida com a dos denisovanos. Não sabemos muito como essas espécies percebiam as coisas ou o que preferiam comer, no entanto, uma pesquisa recente revela um pouco do que eles podiam sentir cheiro.

A pesquisa foi publicada recentemente na revista IScience e usou uma técnica que cultiva receptores de odor em um prato de laboratório para testar quais cheiros eles são mais sensíveis.

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Receptores e sensibilidade 

Para conseguir comparar os receptores dos humanos modernos com as outras duas espécies extintas, os pesquisadores usaram um banco de dados de genoma. O catálogo foi feito pelo ganhador do Prêmio Nobel de 2022, Svante Pääbo e contém coleções de antigos DNAs. A partir disso foi possível observar os genes relevantes e caracterizar os receptores de cada hominídeo.

Imagem: National History Museum/Reprodução

Diversas fragrâncias foram usadas para testar a resposta ao cheiro de 30 receptores de cada espécie. Os resultados foram que todos os hominídeos detectaram os mesmo cheiros, mas em diferentes intensidades.

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Os denisovanos eram menos sensíveis a odores florais que os humanos, mas quatro vezes melhores em sentir enxofre e três vezes em balsâmicos. Além disso, os Homens de Denisova eram muito sensíveis ao mel.

Os pesquisadores não sabem o porquê da forte sensibilidade do receptor ao mel, no entanto, o motivo pode estar ligado ao fato de ser uma fonte de alimento com alto teor calórico. Os hadza da Tanzânia são modernos caçadores-coletores, assim como eram os denisovanos, e eles são famosos por seu amor pelo alimento.

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Já os neandertais, por provavelmente terem trocado genes, possuem quase que os mesmos receptores que nós e os que são diferentes são menos sensíveis. Os receptores deles eram três vezes menos responsivos para aromas verdes, florais e picantes que os homo sapiens.

Segundo a pesquisa, os receptores dos neandertais também eram menos sensíveis a cheiros como o da urina e o suor que os nossos.

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Cheiro e necessidades

A sensibilidade dos receptores de odor estão muito ligados às necessidades ecológicas e dietéticas da espécie. Além disso, eles tendem a mudar à medida que o habitat e a dieta muda.

Cada espécie deve desenvolver receptores olfativos para maximizar sua aptidão para encontrar comida. Nos humanos é mais complicado porque a gente come muita coisa. Não somos realmente especializados.

Hiroaki Matsunami, pesquisador na Universidade de Duke, em resposta a Futurity

Além da sensibilidade ao cheiro entre as três espécies, mas também a variação genética entre os humanos modernos. Segundo Matsunami, algumas pessoas sentem cheiros de alguns produtos químicos enquanto outras não, e isso pode estar ligada a mudanças funcionais.

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