Um novo chatbot de inteligência artificial chamado “Historical Figures Chat” oferece uma promessa bem ousada: poder “conversar” com simulações de mais de 20 mil pessoas notáveis no decorrer da história. Quem criou a novidade foi o engenheiro de software, Sidhant Chadda.

  • No início de janeiro, o aplicativo disponível para iPhone viralizou nas redes sociais e já acumula milhares de downloads.
  • O chatbot usa o GPT-3, mesmo sistema de IA que alimenta o ChatGPT.
  • O criador vê o app com rascunho de uma ferramenta educacional que pode revolucionar as aulas de história no futuro.

Dados imprecisos e simulações de ditadores

A ferramenta de bate-papo foi alvo de muitas críticas por fornecer dados imprecisos e imitar figuras controversas. Ditadores e propagadores de discurso de ódio, por exemplo, geram respostas que tentam mostrar arrependimento por seus crimes e atrocidades, algo que as próprias figuras nunca fizeram em vida.

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É como se todos os fantasmas dessas pessoas estivessem repetindo as mesmas bobagens

Zane Cooper, pesquisador da Universidade da Pensilvânia

O pesquisador, que já ensinou história, baixou o Historical Figures Chat após ver uma discussão sobre o chatbot no Twitter. Cético quanto à sua capacidade de lidar com temas polêmicos, ele perguntou à Henry Ford sobre suas visões anti-semitas. A resposta foi que sua “reputação anti-semita é baseada em incidentes isolados”.

Chatbot
Imagem: TippaPatt/Shutterstock

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Ao questionar a simulação de Heinrich Himmler sobre seu legado — general nazista que liderou campanhas genocidas do Holocausto —, o chatbot gera uma resposta ainda menos convincente: “Infelizmente, minhas ações foram muito além do que pretendia. Passei a lamentar os atos terríveis cometidos em meu nome e sob meu comando”.

Um aplicativo que esconde aspectos do passado ou que sugere “arrependimento” seria muito perigoso em um ambiente educacional, afirma Cooper.

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O que diz o criador do chatbot

  • O engenheiro de software espera ampliar as fontes de conhecimento em atualizações futuras.
  • Atualmente, o chatbot usa apenas informações da Wikipédia para “alimentar” suas personificações.
  • Até o momento, Chadda obteve cerca de US$ 10.500 em receita com o app e teve que pagar cerca de US$ 3.000 em taxas para poder usar o GPT-3.
  • Algumas simulações de certos personagens devem ser comprados no aplicativo.
  • Os preços variam de acordo “com quem as pessoas mais querem falar”, disse o criador. 

Por cerca de US$ 15 (ou 500 moedas no app), o usuário pode desbloquear um dos nomes da lista: Adolf Hitler, Joseph Stalin, Mao Zedong, Osama bin Laden, Jesus, Rainha Elizabeth II, Papa Bento XVI e Gengis Khan.

Cooper também questionou a decisão de incluir figuras amplamente condenadas no app: “Eles fizeram um chatbot de Hitler. Qual é a ética disso?”.

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Por fim, Chadda reconhece que um chatbot com IA defeituoso poderia confundir ou enganar as pessoas e acrescenta que o aplicativo é um trabalho em andamento. Por enquanto, um aviso solicita que os usuários do chatbot chequem as informações factuais antes de confiar em tudo que é dito pelo app.

Uma versão refinada pode ser valiosa na sala de aula, se conectando com alunos que não se interessam por textos históricos. “É preciso haver um nível de compreensão entre professores, alunos e pais de que isso (o chatbot) não é perfeito (…) é uma maneira de ganhar interesse ou compreensão da história e apreciar as coisas que aconteceram no passado”, finalizou.

Imagem principal: Liudacorolewa/Shutterstock

Via: The Washington Post

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