No ano de 1997, arqueologistas encontraram um esqueleto enterrado na Toca dos Coqueiros, sítio arqueológico localizado no Parque Nacional da Capivara, no Piauí.

Com base no tamanho e forma do crânio, foi identificado que os restos pertenciam a uma fêmea, chamada de Zuzu. Contudo, até hoje, muitos pesquisadores disseram que a classificação era errônea, pois afirmam se tratar de um macho.

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Agora, a recriação aproximada da face do crânio de 9,6 mil anos talvez ajude a elucidar este debate. Em 2022, os pesquisadores tiraram dezenas de fotos de diferentes ângulos do crânio, exposto no Museu da Natureza no Paraná. Usando fotogrametria, eles juntaram as 57 fotografias para criar modelo 3D do crânio “para revelar a face da figura tão misteriosa e tão importante para a história brasileira”, escreveram os pesquisadores em 25 de janeiro em seu estudo.

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Tentando recuperar a aparência que um indivíduo teve em vida há milhares de anos é uma forma de trazê-lo aos dias atuais, trazendo-o próximo ao público.

Moacir Elias Santos, um dos autores do estudo e arqueologista do Museu de Arqueologia do Brasil

A fala foi enviada em e-mail ao LiveScience e complementou: “O maior interesse era estar ser possível vislumbrar o rosto de Zuzu, cujo esqueleto é um dos mais importantes encontrados no Parque Nacional da Serra da Capivara.”

Para informar seu trabalho, eles usaram tomografia computadorizada de doadores virtuais vivos e aplicaram tal informação para “ajustar a estrutura do esqueleto” incluindo as marcações da espessura do tecido, disse o coautor do estudo, Cícero Moraes, expert em gráficos.

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“Ajustamos a estrutura do esqueleto para transformar o esqueleto do voluntário em volume quase igual ao do esqueleto de Zuzu”, disse Moraes. “Quando fazemos isso, o tecido macio segue sua deformação/adaptação e resultados na face esperada, [e] compatível com Zuzu em vida.”

Os pesquisadores criaram dois resultados, ambos retratando um jovem homem com largo nariz e lábios. Uma das aproximações incluíram cabelo e sobrancelhas baseadas na informação provida pelos doadores virtuais, e o outro Zulu apresentado estava com olhos fechados e sem cabelo.

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Imagem em 3D de Zulu (Imagem: Divulgação/Moacir Elias Santos e Cícero Moraes)

Como a face digital foi “ligeiramente amaciada”, os pesquisadores retrataram o maxilar inferior para corresponder a uma lacuna que surgiu com alguns dentes inexistentes, segundo a pesquisa.

Embora o crânio tenha afinidade com uma população asiática, entre os indivíduos de tal ancestralidade há grande número de diferenças estruturais, contornadas fechando as pálpebras. A imagem também foi renderizada em tons de cinza [preto e branco], pois não há informações precisas sobre a cor da pele. Portanto, tal imagem seria o mais próximo do que o rosto real poderia ser.

Moacir Elias Santos e Cícero Moraes, autores do estudo

“O mais interessante de se olhar para o crânio de Zuzu é ter uma ideia de como ele seria em vida”, disse Santos. “É um reencontro com um dos ancestrais mais antigos de nosso País.”

Com informações de LiveScience

Imagem destacada: Divulgação/Moacir Elias Santos e Cícero Moraes

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