Uma pesquisa feita pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ) identificou os maiores desafios que as empresas fluminenses de Tecnologia da Informação (TI) enfrentam.

De acordo com um levantamento feito pelo Sebrae-RJ, o mercado de TI é predominantemente masculino e faltam profissionais qualificados. Imagem: ESB Professional – Shutterstock

Cerca de 300 empresários de todas as regiões do estado participaram da sondagem, realizada de julho a dezembro do ano passado. A pesquisa envolveu empresas que atuam no desenvolvimento e distribuição de programas de computador – softwares – e serviços ou suporte técnico em tecnologia.

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De acordo com o que o analista da Coordenação de Empresas de Base Tecnológica do Sebrae-RJ, André Santana, disse à Agência Brasil do notícias, os principais problemas para a maioria dos empresários têm relação com a mão de obra qualificada. 

Segundo ele, esse “é um desafio mundial do setor de tecnologia em geral”, além do acesso a capital para investimento e do planejamento a longo prazo.

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Dados levantados pelo mapeamento do Sebrae-RJ:

  • 91% da mão de obra de TI são do sexo masculino, o que reflete o cenário do setor no Brasil e no mundo;
  • 61% dos empresários apontam falta de profissionais qualificados no mercado;
  • O principal gargalo dentro das empresas está na área de marketing e gestão comercial: 50% das empresas pretendem reestruturar os seus modelos de negócio;
  • 64% dos consultados disseram não ter hoje um modelo de negócios definido ou precisam reestruturá-lo;
  • 76% dos empresários de TI não participam de associações, sindicatos ou coletivos de empresas;
  • Os entrevistados reclamaram sobre haver “muita burocracia” no ambiente de negócios no estado do Rio de Janeiro.

Setor predominantemente masculino

“Esse é um desafio geral do setor. É muito mais masculino”, disse Santana, informando que já existem iniciativas para buscar a diversidade de gênero entre os trabalhadores da área, como a capacitação de mão de obra feminina.

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Empresas investem em capacitação de mão de obra feminina para diminuir disparidade entre gêneros no setor. Imagem: ESB Professional – Shutterstock

Ele revelou que o principal gargalo dentro das empresas está na área de marketing e gestão comercial: 50% delas pretendem reestruturar os seus modelos de negócio. “São os pontos que eles precisam mais aperfeiçoar”. 

Um dado relevante na visão do Sebrae é que 64% dos entrevistados disseram não ter um modelo de negócios definido ou que precisam reestruturá-lo. Para Santana, “eles precisam rever a sua forma de atuação”.

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Em sua avaliação, as empresas de TI ainda demonstram amadorismo no que se refere às eficiências gerenciais. “Não é só olhar para o marketing e para as vendas. Tem que olhar para a gestão como um todo, aperfeiçoar a gestão financeira, de pessoas, para poder crescer”, orienta o analista.

Ele explicou que foram identificados, basicamente, dois perfis de empresas no setor. O primeiro é formado por empresas mais estruturadas, mais maduras a nível gerencial, mas que ainda apresentam problemas de marketing e gestão de vendas. A principal necessidade desse grupo é o desenvolvimento de estratégias de marketing e comercial para ganho de mercado.

Por sua vez, o segundo perfil é composto por empresas que, apesar de já estabelecidas no mercado, ainda precisam aprimorar sua gestão empresarial, redefinir seus modelos de negócios e aperfeiçoar sua gestão financeira, de processos e outros tipos de gerenciamento.

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A maioria do público que respondeu à pesquisa tem alto grau de instrução: 87% têm ensino superior ou grau maior de escolaridade. 

Mercado de TI no RJ é desorganizado

Segundo o estudo, dados da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) revelam que o estado do Rio de Janeiro é, atualmente, o segundo em participação de mercado interno em solução de software e serviços de TI, abaixo apenas de São Paulo.

O mapeamento revelou que 76% dos empresários de TI do RJ não participam de associações, sindicatos ou coletivos de empresas. “Isso é ruim para a organização setorial porque eles não conseguem ser vistos. Não estão organizados”.

Os entrevistados também se queixaram que há muita burocracia no ambiente de negócios no estado. Por outro lado, foi constatado que faltam iniciativas de grande parte dos empresários para uma maior organização, algo que é considerado importante para que eles possam ter voz junto ao Poder Público.

Segundo Santana, organizar o setor e ter uma governança forte é um dos principais passos para que o ambiente de negócios possa melhorar. “Porque não adianta nada só o Poder Público agir, ter iniciativas do Sebrae ou de outras instituições se o próprio colegiado dos empresários não está organizado”.

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