Quasar fotografado pelo EHT está entre os mais brilhantes do Universo

Rede de telescópios famosa por registrar buracos negros capturou um tipo raro de quasar emitindo uma das luzes mais poderosas do Universo
Por Mateus Dias, editado por Flavia Correia 22/02/2023 16h31
quasar
Imagem: orin - Shutterstock
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Famoso por ter revelado a primeira imagem real de um buraco negro e a primeira imagem do buraco negro da Via Láctea, o Event Horizon Telescope (EHT), um conjunto de telescópios composto por antenas de rádio espalhadas por todo o mundo, flagrou um quasar distante chamado NRAO 530, cuja luz – uma das mais brilhantes do Universo – viajou por 7,5 bilhões de anos para chegar até aqui.

Quasares (abreviação de “fontes de rádio quase-estelares”) são um tipo núcleo galáctico que os astrônomos presumem ser alimentado por um buraco negro supermassivo muito ativo no centro, cercado por material que é furiosamente absorvido por ele.

Imagens dos NRAO 53o produzidas a partir de diferentes aplicativos de processamento de dados. Crédito: Jorstad et al., ApJL, 2023

Sobre o quasar fotografado pelo EHT:

  • O NRAO 530 é um núcleo galáctico ativo que tem matéria caindo sobre ele em um ritmo furioso;
  • Ele não emite luz, assim como os outros buracos negros, no entanto a gravidade e o atrito causados por ele aquecem tanto o material no entorno que ele brilha intensamente;
  • Além disso, parte do material é canalizado nas linhas do campo magnético para fora do horizonte de eventos, não sendo consumida pelo buraco negro;
  • Esse material excedente é disparado como jatos de plasma e viaja a uma porcentagem significativa da velocidade da luz, conhecida como velocidade relativística.

Leia mais:

Telescópio de horizonte de eventos

O EHT foi responsável por fornecer a primeira imagem de um buraco negro da história. Em 2019, ele fotografou o coração da galáxia M87, a 55 milhões de anos-luz de distância. Mais recentemente, no ano passado, ele também capturou o núcleo galáctico da Via Láctea, o buraco negro Sagittarius A*.

Conforme destaca o site Science Alert, as observações duraram anos antes de finalmente termos essas imagens formadas. A investigação do quasar NRAO 530 começou em 2017, com o intuito de calibrar o poderoso radiotelescópio. Como esse quasar é próximo do Sagittarius A* quando visto no céu, ele é um objeto de calibração popular da Via Láctea.

O tamanho efetivo do telescópio entrega detalhes sem precedentes desses objetos, como pontua um dos líderes da pesquisa, Maciek Wielgus, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha.

A luz que vemos viajou em direção à Terra por 7,5 bilhões de anos através do Universo em expansão, mas com o poder do EHT vemos os detalhes da estrutura da fonte em uma escala tão pequena quanto um único ano-luz

Maciek Wielgus, em resposta a Science Alert

NRAO 530 é um quasar “variável opticamente violenta”, tipo raro de quasar conhecido por ter um jato poderoso e extremamente veloz. Também é categorizado como um blazar (por ter energia compacta e altamente variável).

Representação artística de um núcleo galáctico com buraco negro no centro classificado como quasar. Imagem: Orin – Shutterstock

Esse é um blazar orientado de tal forma que o jato é apontado diretamente ou quase diretamente para a Terra – o que não representa perigo.

A partir de suas observações, a equipe foi capaz de determinar a polarização da luz emitida por diferentes partes da estrutura. Isso se refere à orientação das oscilações da luz, que podem ser afetadas pelos campos magnéticos pelos quais ela viaja.

Até agora, NRAO 530 é o objeto mais distante já observado pelo EHT e pode permitir que mais detalhes impressionantes de objetos distantes possam ser observados no futuro, além de apoiar futuras pesquisas sobre blazares e quasares.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.