Em um esforço para alertar sobre como o uso de chatbots pode permitir má conduta acadêmica, um grupo de professores da Universidade Plymouth Marjon (PMU), na Inglaterra, submeteu à revisão por pares um trabalho de pesquisa escrito inteiramente pelo ChatGPT.

Par de mãos robóticas sobre teclado
Pesquisadores escrevem um artigo científico completo usando o ChatGPT para falar exatamente sobre as “trapaças” de quem usa a ferramenta para esse fim. Imagem: Reprodução/Harvard Gazette

A intenção era testar se um artigo secretamente redigido pelo recurso da OpenAI poderia passar despercebido pelo processo. E, sim, poderia. Tanto é que passou – e foi publicado na revista científica Social Science Research Network, com o sugestivo título “Chat e trapaça. Garantir a integridade acadêmica na era do ChatGPT”.

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Como relata o The Guardian, os pesquisadores conseguiram publicar com sucesso o artigo, sob seus próprios nomes, sem revelar que ele foi totalmente escrito por uma máquina – burlando softwares de detecção de plágio e enganando quatro revisores humanos no processo.

“Queríamos mostrar que o ChatGPT está escrevendo em um nível muito alto”, disse Debby Cotton, diretora de prática acadêmica da PMU e “falsa autora” principal do artigo. “A tecnologia está melhorando muito rápido e vai ser difícil para as universidades superá-la”.

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A verdadeira autoria do artigo só foi informada quando os professores da PMU notificaram pessoalmente os editores da revista científica. Isso representa um forte alerta para o sistema acadêmico, que está lutando para lidar com a amplitude do impacto do ChatGPT.

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Embora existam “macetes” para deduzir se um ser humano ou um chatbot escreveu algo – o ChatGPT geralmente cita fontes falsas, por exemplo – nenhum software de plágio existente pode sinalizar de forma confiável a escrita gerada por Inteligência Artificial (IA), nem qualquer um dos chamados programas de detecção de IA que surgiram desde que o recurso foi introduzido pela primeira vez.

Isso quer dizer que, apesar do fato de que os sistemas de ensino ameacem penalizar e até expulsar os alunos que usarem os robôs para “trapacear”, o fato é que ainda é bastante complicado realmente policiar esse tipo de fraude, especialmente em larga escala.

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“Meus colegas já estão encontrando casos [de trapaça assistida por IA] e lidando com eles”, disse Irene Glendinning, chefe de integridade acadêmica da Universidade de Coventry, na Inglaterra, ao Guardian. “Não sabemos quantos estamos perdendo, mas estamos pegando casos”.

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