Um novo golpe do Pix pelo WhatsApp atinge entregadores de aplicativo em Pernambuco. Estelionatários têm usado fotos de delegados e servidores públicos para fazer pedidos em apps de delivery. Depois, eles entram em contato com os funcionários por mensagem, inventam demandas extras e pedem troco adiantado.
A Polícia Civil de Pernambuco instaurou inquéritos para investigar os casos de golpe com fotos dos servidores.
Leia mais:
- O que é e como funciona o Golpe do Pix
- Cuidado! Criminosos roubam dinheiro durante transferência no PIX; entenda
- Brasil é líder em golpes de phishing pelo WhatsApp
Como funciona o golpe
- No domingo (19), o motoboy Paulo (um pseudônimo para proteger a privacidade do entregador) recebeu um pedido de dez pastéis, seis águas e um refrigerante em nome do delegado Gregório Ribeiro, da Delegacia de Polícia da 213ª circunscrição, em Petrolina, Pernambuco.
- Depois de ter saído para a entrega na Delegacia, Paulo recebeu mensagens do suposto delegado, conhecido na cidade, de um número de WhatsApp com a foto dele. Uma das mensagens pedia o troco para uma nota de R$ 200 e a outra pediu um favor: parar na farmácia e comprar luvas.
- O entregador interpretou que o pedido era normal, já que o delegado podia precisar de luvas na delegacia.
- O troco do pedido para a nota de R$ 200 totalizou R$ 132 e foi sendo descontado no caminho, com os favores solicitados.
- Por último, a pessoa que se identificava com o delegado pediu a recarga de dois celulares na farmácia e um Pix de R$ 50 para a “filha do delegado”.
- A atendente da farmácia avisou que seria golpe e, quando chegou ao destino final da entrega, o motoboy fez o B.O.; ele perdeu os R$ 132 do troco.
Os estelionatários usam o pedido em aplicativos para conseguir entrar em contato com os entregadores e inventam demandas extras para conversar diretamente com o funcionário.
José (um pseudônimo para proteger a privacidade do entregador), outro motoboy, quase fez o Pix do troco adiantado.
Golpe não é novo
Outras vítimas também caíram no golpe. Foram três pessoas procurando a delegacia nesse final de semana.
Gregório Ribeiro, delegado da Delegacia de Combate à Corrupção, que teve sua foto usada, não estava de plantão e foi informado do uso da imagem por colegas da polícia. Ele afirma que golpes desse tipo já vinham acontecendo e que os criminosos sempre encomendavam alimentos, normalmente em grande quantidade.
Apenas com a foto dele, foram mais de 15 casos em Petrolina — somente entre os que foram notificados à delegacia.
Tenho que fazer (B.O.), citando que estão usando meu nome, minha foto. Tudo para poder dar início à apuração. (…) Houve o pico na pandemia.
Gregório Ribeiro
Em abril, a foto do delegado Ney Luiz Rodrigues também foi usada em Ipojuca, Pernambuco. Oito comerciantes da região de Porto de Galinhas caíram no pedido de “troco adiantado” pelo Pix.
Resolução
A Polícia Civil de Pernambuco instaurou inquéritos para investigar os golpes. Em nota ao TAB Uol, a instituição afirma que três pessoas já foram identificadas e respondem por estelionato e associação criminosa pelos casos em Ipojuca.
O caso de Petrolina segue sob sigilo O delegado presidente da Adeppe (Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco), que também teve sua foto usada por bandidos, afirma que o golpe é recorrente no Brasil todo e o atribui a “presidiários que têm acesso a celulares”.
Gregório Ribeiro considera que os golpes do Pix são de difícil resolução por causa de dois fatores.
- Os crimes são sem ameaça direta ou violência. Assim, dificilmente os estelionatários ficam presos e, respondendo em liberdade, voltam a realizar os golpes.
- Muitas vítimas não abrem um boletim de ocorrência sobre os casos. Segundo o delegado, “um coisa é ele (o golpista) responder por um estelionato apenas, outra coisa é responder por dez”.
Prevenção
Para ficar atento e não cair no golpe, o delegado indica redobrar a atenção e sempre desconfiar de pedidos incomuns.
Desconfie. Não teria motivo para eu estar na delegacia e solicitar um Pix a outra pessoa. Se fosse para pedir um favor, eu pediria para um policial que tá na delegacia.
Gregório Ribeiro
Com informações de TAB Uol
Imagem: Creativa Images/Shutterstock
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!