Dois novos estudos sobre a explosão de raios gama mais brilhante já detectada trazem mais detalhes sobre o evento que desafia qualquer modelo de previsão feito pelos cientistas

Um dos artigos foi publicado nesta terça-feira (28) na revista The Astrophysical Journal Letters, e outro está disponível no servidor de pré-impressão arXiv, já submetido para publicação na revista Nature Astronomy.

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Uma animação de lapso de tempo feita a partir de dados do Observatório Neil Gehrels Swift, da NASA, mostra a explosão de raios gama mais brilhante já registrada e sua evolução ao longo de 12 dias. Créditos: NASA/Swift/A. Beardmore (Universidade de Leicester)

Ambos descobriram que a evolução das ondas de rádio liberadas por uma enorme explosão estelar vista em 2022 foi mais lenta do que os modelos previam, levantando questões sobre como a liberação de energia evolui durante explosões ultrapoderosas de raios gama.

“É muito difícil para os modelos existentes replicar a lenta evolução dos picos de energia que observamos”, disse James Leung, estudante de doutorado da Universidade de Sydney (Austrália) que foi coautor do artigo da Nature Astronomy, em um comunicado. “Isso significa que temos que refinar e desenvolver novos modelos teóricos para entender essas explosões mais extremas do Universo”.

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Explosões de raios gama (GRBs) são flashes breves e brilhantes de luz que se pensa serem as manifestações mais poderosas do nosso universo desde o Big Bang. Elas são liberadas durante rebentações estelares extremas ou supernovas, quando uma estrela moribunda fica sem combustível e colapsa em uma estrela de nêutrons ou mesmo em um buraco negro

Chamada GRB 221009A, a explosão mais brilhante já vista foi detectada pela primeira vez em 9 de outubro de 2022, por telescópios de raios gama e raios-X. A provável supernova que causou a explosão estava a 2,4 bilhões de anos-luz de distância da Terra.

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Embora o evento em si tenha durado apenas alguns segundos, a explosão deixou para trás um “brilho posterior” de emissões em todo o espectro de luz que pode persistir por anos, segundo explicou ao site Live Science Tara Murphy, astrofísica da Universidade de Sydney e coautora do mesmo estudo de Leung. 

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“Inicialmente, há um choque frontal brilhante causado pelos materiais ejetados pela explosão de raios gama”, acrescentou Leung, “seguido por um choque reverso de volta para a nuvem de ejecta”. De acordo com o cientista, ambos os choques contribuem para o brilho posterior.

Os pesquisadores começaram a coletar dados desse brilho posterior dentro de três horas após a detecção da explosão inicial de raios gama, descobrindo que a explosão era 70 vezes mais brilhante do que qualquer outra já detectada. 

É provável que uma explosão de raios gama dessa intensidade aconteça a cada 10 mil anos, de acordo com os pesquisadores australianos.

Ainda não se detectou nenhum sinal da supernova que estimulou a explosão de raios gama, mas suspeita-se que a explosão estelar resultou na criação de um novo buraco negro.

A localização distante da explosão, que é na direção da constelação de Sagitta, ou a Flecha, foi para trás do Sol, do ponto de vista da Terra, em dezembro de 2022, só ressurgindo em meados de fevereiro. A linha de visão clara permitirá novamente aos astrônomos medir o brilho remanescente da explosão.

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