Antibiótico que muda de forma poderá ser solução para superbactérias

Droga se modifica reorganizando seus átomos, apresentando mais de um milhão de configurações em sua estrutura química
Por Alisson Santos, editado por Rodrigo Mozelli 11/04/2023 01h53
Antibioticos
Imagem: Fahroni/Shutterstock
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Como forma de combater os vírus e as bactérias que estão cada vez mais resistentes aos antibióticos, um laboratório em Nova York desenvolveu espécie de droga mutante, que muda de forma e se torna capaz de combater superbactérias e até infecções mortais.

A medicação apresentada pelo Cold Spring Harbor Laboratory (CSHL) é um antibiótico que se modifica reorganizando seus átomos, apresentando mais de um milhão de configurações em sua estrutura química.

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No desenvolvimento desse projeto, a equipe liderada pelo professor John E. Moses utilizou o processo molecular desenvolvido pelos cientistas Carolyn Bertozzi, Morten Meldal e Barry Sharpless – esse último vencedor do Prêmio Nobel em 2022.

O laboratório publicou relatório contando as etapas desse estudo. Confira:

  • A ideia de desenvolver antibióticos que mudavam de forma foram pensados por Moses enquanto observava tanques em exercícios de treinamento militar. Com torres rotativas e movimentos ágeis, os tanques poderiam responder rapidamente a possíveis ameaças;
  • Após alguns anos, o professor descobriu a molécula fluxional bullvalene. Esse tipo de molécula permite que seus átomos mudem de posição, garantindo forma mutável e com mais de um milhão de configurações;
  • Várias bactérias, incluindo MRSA, VRSA e VRE, desenvolveram resistência a potente antibiótico chamado vancomicina, usado para tratar tudo, desde infecções de pele até meningite. Moses pensou que poderia melhorar o desempenho de combate a bactérias da droga, combinando-a com a bullvalene;
  • Ele se voltou para a química do clique (vencedora do Prêmio Nobel), tecnologia que “clica” as moléculas juntas de forma confiável – tornando as reações mais eficientes para uso em larga escala;
  • A partir dessa técnica, Moses e seus colegas criaram novo antibiótico com duas “ogivas” de vancomicina e um centro flutuante de bullvalene.

Os testes foram feitos em parceria com a Dra. Tatiana Soares da-Costa, da Universidade de Adelaide, na Austrália. Os pesquisadores deram a droga a larvas de mariposa de cera infectadas por VRE – método comum para testar antibióticos. A partir disso, eles descobriram que o antibiótico mutante é muito mais eficaz que a vancomicina na limpeza dessa infecção mortal.

As bactérias não desenvolveram resistência a essa medicação. Com essa conclusão, o professor pontua que essa descoberta pode permitir a criação de infinidade de novas drogas, que poderão ser fundamentais para a sobrevivência humana.

“Se pudermos inventar moléculas que signifiquem a diferença entre a vida e a morte […] essa seria a maior conquista de todos os tempos”, afirmou o professor.

Com informações de Cold Spring Harbor Laboratory

Imagem destacada: Fahroni/Shutterstock

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Alisson Santos
Redator(a)

Alisson Santos é estudante de jornalismo pelo Centro Universitário das Américas (FAM). Atualmente é redator em Hard News no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.