Em um estudo inédito, pesquisadores da Austrália explicaram por que os cães de grande porte têm uma longevidade mais curta do que os menores. Eles examinaram as causas das diferenças na expectativa de vida em 164 raças de cães, variando em tamanho de Chihuahuas a Dogues Alemães.

“Quando analisamos esses conjuntos de dados, descobrimos que cães maiores eram mais propensos a morrer de câncer em uma idade mais jovem quando comparados com cães menores”, disse Jack da Silva, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Adelaide.

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Segundo ele, os cães maiores objetos do estudo não necessariamente envelheceram mais rápido do que as raças menores, mas, à medida que o peso corporal médio da raça aumentava, o mesmo acontecia com as taxas de câncer.

No estudo australiano, foram analisadas 164 raças de cães, variando em tamanho de Chihuahuas a Dogues Alemães. Crédito: Eric Isselee – Shutterstock

“Acreditamos que a relação entre o tamanho do corpo de um cão e sua expectativa de vida pode ser causada por um atraso evolutivo nas defesas contra o câncer do corpo, que são incapazes de acompanhar a rápida e recente reprodução seletiva de cães maiores”, disse Silva.

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O estudo, que foi publicado na revista The American Naturalist, descobriu que a expectativa de vida mais curta era consistente com uma teoria do envelhecimento conhecida como otimização da história de vida ou o “soma descartável”.

Essa teoria, segundo Silva, é baseada na ideia de que, se você investir a maior parte de seus recursos e energia em crescimento e reprodução, não poderá também investi-los em reparação celular e defesas contra o câncer. “Em todos os organismos, o foco é se reproduzir precocemente, mesmo que isso aconteça às custas de manter e reparar o corpo e viver mais”.

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O pesquisador acredita que os resultados também podem ser aplicados no envelhecimento de seres humanos. “Os cães representam um bom modelo para estudar o envelhecimento em humanos. Esses animais, como os seres humanos no mundo industrializado, vivem em um ambiente que tende a protegê-los de causas acidentais e infecciosas de morte e, portanto, são mais propensos a morrer de doenças relacionadas à idade, como o câncer”.

Ainda que esses dados apresentados pela pesquisa sejam preocupantes para os proprietários de cães grandes, os pesquisadores preveem que raças maiores vão evoluir para desenvolver melhores genes de combate ao câncer.

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“A maioria das cerca de 400 raças de cães que conhecemos hoje só foram estabelecidas nos últimos 200 anos. Cães maiores não tiveram tempo de desenvolver melhores mecanismos de defesa contra o câncer para corresponder ao seu tamanho. Isso ainda pode acontecer, mas pode ter um custo para a reprodução”, explicou Silva.

Ele prevê que raças maiores se adaptarão e estenderão sua vida útil, mas com base na teoria do envelhecimento, é mais provável que elas tenham menores ninhadas no futuro. “Isso pode ocorrer naturalmente ou através da reprodução seletiva, à medida que as pessoas se concentram na criação de cães maiores que têm menores taxas de câncer e, portanto, maior longevidade”.

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