Pesquisadores da Escócia descobriram que os primeiros humanos na Europa já produziam e controlavam o fogo pelo menos 50 mil anos antes do que se pensava.

Resumo:

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  • Acreditava-se que os ancestrais humanos na Europa produziam e controlavam o fogo há cerca de 200 mil anos;
  • Uma nova pesquisa descobriu que isso já acontecia 50 mil anos antes;
  • Os cientistas usaram métodos químicos forenses, mais eficientes do que análises de restos arqueológicos de queimas, para identificar moléculas de combustão incompletas na Espanha;
  • O estudo indica que eram adotados critérios na seleção das lenhas.

Um artigo publicado nesta quinta-feira (18) na revista Scientific Reports apresenta evidências de que nossos ancestrais usavam fogos para atividades como cozinhar, aquecer e defender há cerca de 250 mil anos onde hoje é o continente europeu.

Acreditava-se que o fogo havia sido manipulado pelo ancestral europeu há 250 mil anos, mas um novo estudo descobriu que isso já acontecia muito antes. Créditos: Gorodenkoff – Shutterstock

Usando métodos químicos forenses para identificar moléculas de combustão incompleta, a equipe de pesquisa da Escola de Energia, Geociência, Infraestrutura e Sociedade da Universidade Heriot-Watt, em Edimburgo, detectou incêndio em Valdocarros II, um sítio arqueológico perto de Madri, na Espanha.

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Clayton Magill, professor assistente da instituição, especializado no uso da geoquímica para reconstruir condições ambientais antigas, liderou o projeto, que contou com a colaboração de arqueólogos da Universidade Complutense de Madri. 

“Encontramos evidências definitivas de coisas sendo queimadas, e esses restos estão organizados em um padrão, sugerindo que são os humanos que estão fazendo e controlando o fogo”, disse Magill. “Ou usavam o fogo para cozinhar ou para se defender. O padrão espacial no fogo nos diz que eles estavam cercando algo, como uma casa ou área de dormir, uma sala ou cozinha, ou um recinto para animais”.

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A importância do fogo na evolução humana

Segundo ele, os perfis químicos dos restos carbonizados também sugerem que os ancestrais humanos europeus escolheram certos tipos de lenha por suas propriedades de queima, como calor e moderação de fumaça.

Isso é importante porque nossa espécie é definida pelo uso do fogo. Ser capaz de cozinhar para alimentar nossos grandes cérebros é uma das coisas que nos tornou tão bem-sucedidos em um sentido evolutivo

Clayton Magill, pesquisador da Universidade Heriot-Watt, para o site Phys.org

Para Magill, essas descobertas fecham uma lacuna em nossa compreensão do fogo controlado por humanos e do desenvolvimento humano. “Isso é importante porque nossa espécie é definida pelo uso do fogo. Ser capaz de cozinhar para alimentar nossos grandes cérebros é uma das coisas que nos tornou tão bem-sucedidos em um sentido evolutivo. O fogo também traz proteção e favorece a comunicação e o convívio familiar. E agora temos evidências definitivas e incontestáveis de que os humanos estavam iniciando e parando incêndios na Europa cerca de 50 mil anos antes do que imaginávamos”.

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De acordo com o pesquisador, a análise química é uma maneira mais confiável de confirmar o fogo do que examinar restos em lareiras arqueológicas, que podem ser erodidas pelas condições climáticas ou pelo processo de extração.

Na próxima fase do projeto, a equipe estudará ferramentas de pedra encontradas perto de lareiras de fogo para identificar se elas foram usadas de maneiras específicas em torno da fabricação e controle do fogo – por exemplo, para cortar carne ou pulverizar plantas.

Em termos mundiais, a evidência clara mais antiga de fogo controlado pelo homem está na África Oriental há cerca de 1,5 milhão de anos e em Israel há aproximadamente 790 mil anos.

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