A mesosfera é a terceira e mais fria das camadas que compõem a atmosfera da Terra, começando a 50 quilômetros (km) acima da superfície. E foi exatamente nela que chegou a fumaça gerada pela erupção de Tonga, em janeiro, segundo imagens via satélite recentemente divulgadas.

Especialistas afirmaram nas redes sociais que a explosão – advinda do vulcão submarino na ilha de Hunga Tonga–Hunga Haʻapai – expeliu fumaça e cinzas em uma coluna – ou “pluma” – que atingiu 58 km de altura. De acordo com a agência espacial estadunidense NASA, essa pode ser a maior já medida por satélite na história.

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A explosão do vulcão em Tonga foi capturada por satélites no espaço
A explosão do vulcão em Tonga foi capturada por satélites no espaço (Imagem: NOAA/Reprodução)

Já falamos sobre especialistas que comparam o episódio em Tonga com a explosão do vulcão Krakatoa, em 1883, onde 30 mil pessoas perderam suas vidas. A NASA conseguiu medir a erupção mais recente graças a dois satélites que – coincidentemente – passavam pela região na hora certa, produzindo imagens do evento em tempo real.

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E como se chegar uma vez até a mesosfera já não fosse suficiente, a erupção de Tonga quase fez isso duas vezes: cerca de 30 minutos depois da primeira explosão, um segundo estouro expeliu uma segunda pluma de fumaça, cinzas e gás a 50 km de altura – chegando exatamente no marco que funciona com fronteira entre o seu limite com a estratosfera.

Alguns vulcanólogos afirmam que foi uma combinação de calor extremo do vulcão com a umidade do oceano que contribuiu para uma subida tão rápida da coluna: “É como se fosse um super combustível para uma mega tempestade”, disse Kristopher Bedka, cientista atmosférico da NASA. “A pluma subiu 2,5 vezes mais alto que qualquer tempestade elétrica já observada, e a erupção gerou uma quantidade incrível de relâmpagos”.

Há quem possa pensar que uma coluna de fumaça “é apenas fumaça”, mas cientistas repetidamente advertem do contrário: dentro uma erupção vulcânica, as partículas presentes em plumas que sobem à atmosfera contém elementos que podem refletir a luz do Sol, impedindo-a de chegar à superfície da Terra e, consequentemente, esfriando o planeta. Normalmente, isso acontece em caráter local – apenas a região da explosão é afetada -, mas historicamente, tivemos três períodos onde explosões muito próximas causaram o que se convém chamar de “mini era do gelo”: entre 1641 e 1642; entre 1667 e 1694 e entre 1809 a 1831.

No caso da erupção de Tonga, esse efeito deve ser inexistente, segundo a NASA, pois havia muita umidade na explosão, que também expeliu vapor d’água, efetivamente diluindo outros elementos, como dióxido de enxofre. Ainda assim, os efeitos da pluma podem persistir em caráter moderado por cerca de um ano, devido à dispersão ser mais lenta na mesosfera.

Isso sem contar os efeitos mais “terrenos”, por assim dizer: a erupção em Tonga causou um tsunami sentido até mesmo na Austrália, e o arquipélago que forma a nação acabou cortado do mundo após um cabo submarino de fibra óptica ser partido, desfazendo conexões com a internet. Ah, e depois da explosão, um surto de COVID-19 forçou o país a se isolar mesmo durante os esforços de resgate e emergência.

Ao todo, estima-se que o custo de recuperação de Tonga será de aproximadamente US$ 90 milhões (R$ 461,31 milhões) – cerca de 18% do produto interno bruto (PIB) do país.

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